"A União Europeia condena o assassínio de cinco jornalistas da Al Jazeera num ataque aéreo em frente ao Hospital Al-Shifa, na Cidade de Gaza, incluindo o correspondente da Al Jazeera, Anas al-Sharif", afirmou Kaja Kallas, após uma videoconferência dos ministros dos Negócios Estrangeiros do bloco europeu.
O exército israelita acusou Anas al-Sharif de liderar uma "célula terrorista" do movimento islamita palestiniano Hamas e de ser "responsável por contínuos ataques com foguetes" contra os militares.
Bruxelas tomou nota das alegações de Israel, "mas neste tipo de casos é necessário fornecer provas claras, respeitando o Estado de direito, para evitar que os jornalistas sejam visados", disse.
O gabinete de informação do Governo de Gaza elevou para seis o número de jornalistas mortos no domingo à noite num ataque de precisão israelita à tenda que haviam montado junto ao Hospital Al-Shifa, na cidade de Gaza, após a morte de Mohamed al-Khalidi, que trabalhava para o meio de comunicação palestiniano Sahat.
Em comunicado, a mesma fonte indicou que os jornalistas mortos são seis: Anas al-Sharif e Mohamed Qraiqea, correspondentes da estação televisiva Al-Jazeera, os fotojornalistas Ibrahim Zaher e Moamen Aliwa, o assistente de fotojornalista Mohamed Nofal e o próprio Al-Khalidi.
O exército israelita admitiu ter matado os jornalistas num bombardeamento de precisão e afirmou, como em outras ocasiões semelhantes, que Anas al-Sharif tinha ligações ao Hamas, desde 2007 no poder na Faixa de Gaza, apresentando como prova dois documentos cuja origem não especificou e cuja autenticidade não pode ser verificada.
Kallas instou ainda Israel a permitir a entrada de mais ajuda em Gaza.
"Mesmo que esteja a chegar mais ajuda, as necessidades continuam a ser muito maiores. Instamos Israel a permitir a entrada de mais camiões e a melhorar a distribuição de ajuda", disse.
Também o secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou assassínio dos jornalistas na Faixa de Gaza por Israel, e pediu a abertura de uma investigação imparcial sobre o caso.
"[António Guterres] condena o assassínio de seis jornalistas palestinianos num ataque aéreo israelita na cidade de Gaza, a 10 de agosto. Estas últimas mortes destacam os riscos extremos que enfrentam os jornalistas que cobrem este conflito", declarou o porta-voz do secretário-geral da ONU, Stéphane Dujarric, na conferência de imprensa diária.
Guterres apelou, por isso, para que seja realizada "uma investigação independente e imparcial" sobre estas mortes seletivas, prosseguiu Dujarric, lembrando que pelo menos 242 jornalistas morreram violentamente na Faixa de Gaza desde o início da guerra, em outubro de 2023.
O porta-voz sublinhou ainda que os jornalistas e os profissionais da comunicação social devem ser respeitados, protegidos e deve ser-lhes permitido realizar o seu trabalho livremente, "sem medo ou perturbação".
A ofensiva israelita em Gaza começou depois dos ataques do grupo islamita palestiniano Hamas, que controla o enclave, em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, nos quais morreram cerca de 1.200 pessoas e mais de duas centenas foram feitas reféns.
A operação militar israelita causou já mais de 61 mil mortos, a destruição de quase todas as infraestruturas de Gaza e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
Leia Também: UE pede a EUA "unidade transatlântica" para acabar com guerra na Ucrânia