"Era para custar até 500 mil euros e agora já vai para mais de dois/três milhões de euros. A partir daqui, fica tudo embrulhado, porque a câmara está-se a comprometer com uma coisa por um valor que não é possível", afirmou a vereadora das Obras Municipais na Câmara de Lisboa, Filipa Roseta (PSD), referindo-se ao projeto 'Missão Pavilhão Carnide', vencedor do Orçamento Participativo (OP) de 2016.
A autarca do PSD falava na reunião da assembleia municipal a propósito da apreciação de uma petição em prol da concretização do projeto 'Missão Pavilhão Carnide', que culminou com a aprovação, por unanimidade, de uma recomendação dirigida à câmara, sob proposta da 7.ª Comissão de Cultura, Educação, Juventude e Desporto.
Na recomendação, os deputados municipais sugerem a execução de um pavilhão em Carnide capaz de responder às necessidades desta freguesia, inclusive que sirva os atletas e as coletividades e clubes deste território, e aconselham que a câmara reveja aspetos relativos à operacionalização, funcionamento e metodologia do OP, nomeadamente quanto à validação técnica e orçamental das propostas, para "prevenir que sejam aprovadas propostas não exequíveis do ponto de vista técnico ou cujo valor orçamentado não seja realista".
Em representação dos peticionários, Catarina Ribeiro resumiu o atraso de nove anos na construção de um pavilhão em Carnide a "trapalhada e oportunismo", referindo que a projeto do OP foi avaliado por uma comissão técnica que achou que a localização proposta "era viável" e que o montante de investimento previsto "era realista".
"Chegámos à conclusão de que esse projeto nem sequer devia ter sido aceite em OP", expôs a peticionária, indicando que foram criadas expectativas nos clubes da freguesia quanto à construção de um pavilhão desportivo, mas que foram "continuamente defraudadas".
Catarina Ribeiro acusou a câmara de oportunismo ao tentar "matar dois coelhos de uma cajadada" com a alteração da localização do projeto para a Escola do Bairro Padre Cruz, onde faltam condições para a prática desportiva, e sublinhou que deviam ser construídos dois pavilhões.
Se não for viável, para já, a construção de um pavilhão fora da escola, a peticionária considerou que a câmara tem de assegurar que "fora do horário escolar o pavilhão deve ser obrigatoriamente cedido para uso dos clubes da freguesia", pedindo ainda um prazo para o lançamento do concurso e execução da obra.
De acordo com a vereadora das Obras Municipais, a Escola do Bairro Padre Cruz faz parte da lista de 28 escolas que passaram para a câmara em 2019, que estão "em péssimas condições", mas que o Governo continua sem disponibilizar o dinheiro para fazer as obras.
Filipa Roseta disse que a câmara pediu um empréstimo para avançar com os projetos necessários para intervir nestas escolas e, depois, irá bater à porta do Governo para que dê o dinheiro para as obras.
A autarca do PSD perspetivou que o projeto "Missão Pavilhão Carnide" será concretizado, mas destacou também a execução do Complexo Desportivo de Carnide, em que a obra já foi lançada, no valor de seis milhões de euros.
Nesta reunião da assembleia, os deputados aprovaram ainda a atribuição de apoios não financeiros à organização do festival Lisb-on Jardim Sonoro, no valor total de 743.893 euros, dos quais 611 mil euros com a isenção do pagamento de taxas municipais e 132.795 euros com bens, serviços e meios humanos do município, para a concretização da edição deste ano, que ocorreu entre 27 e 29 de junho.
A proposta da câmara teve os votos contra de BE, Livre, PEV, PCP, PAN, IL, PPM e dois deputados dos Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre), a abstenção de PS e MPT, e os votos a favor de PSD, Aliança, CDS-PP e Chega.
Leia Também: Livraria Lisboa Cultura será inaugurada na Baixa para "contar a cidade"