Augusto Santos Silva não vai ser candidato à Presidência da República, avançou o próprio em entrevista à RTP, esta quarta-feira.
De realçar que o antigo presidente da Assembleia da República tinha remetido para hoje o anúncio da sua decisão, acabando assim por desfazer o 'tabu' quanto a uma eventual candidatura à sucessão de Marcelo Rebelo de Sousa.
"Não, não serei candidato", respondeu o socialista no arranque da entrevista.
"Apesar dos muitos apoios de pessoas muito valiosas e importantes para mim que recebi, dos incentivos que recebi e que muito agradeço, do fundo do coração, cheguei à conclusão de que a minha candidatura não seria suficientemente abrangente para ser suficientemente forte e, em consequência, que a melhor candidatura possível é a candidatura de uma personalidade independente, oriunda da sociedade civil, que possa colocar em cima da mesa os temas que temos de discutir na campanha presidencial", frisou, esclarecendo que, a partir dos "contactos que fez", verificou que a sua candidatura "seria divisível" e "não tem capacidade de agregação".
Na opinião de Augusto Santos Silva, "as candidaturas no terreno não bastam". "Nenhuma delas", disse.
"Eu abro espaço para uma candidatura forte, agregadora e independente, retirando a minha disponibilidade e espero que nos próximos dias possa surgir uma candidatura que seja mais abrangente, mais forte, mais agregadora, do que a minha seria", reiterou, rejeitando, contudo, apontar nomes e comentar a possibilidade de este candidato vir a ser Sampaio da Nóvoa.
Para o antigo presidente da Assembleia da República, "da mesma forma que o PS não está obrigado a apoiar um candidato só porque esse candidato tem um cartão de militante", as "candidaturas não têm de se formar a partir dos partidos".
Já sobre se está fora de hipótese apoiar António José Seguro, rejeitou: "Não está fora de hipótese nada até porque nas presidenciais há a possibilidade de uma primeira e segunda volta".
Santos Silva assegurou que não se rende a "esta ideia que parece instalada" de que, caso se faça "uma sucessão quase monótona no mesmo tom de generalidades" como tem sido até agora, está feita a eleição presidencial.
"Esta eleição presidencial é um momento muito importante para que os milhões de portuguesas e portugueses que estão preocupados com esse vírus da intolerância da insegurança, do preconceito e até do ódio que está a entrar pela nossa sociedade sub-repticiamente e que já tem expressão política em alguns setores políticos, é um momento muito importante para que esse movimento de sobressalto se faça porque é responsabilidade primeira do presidente", rematou.
A semana passada, Augusto Santos Silva afirmou que a decisão de António Vitorino de não se apresentar às eleições presidenciais o tinha obrigado a "uma nova reflexão" sobre a sua eventual candidatura. Numa publicação na rede social Facebook, já tinha defendido que as candidaturas até então apresentadas "não esgotam nem o espaço político nem as propostas e perfis que devem estar representados nas eleições presidenciais".
Também o antigo comissário europeu António Vitorino disse que a sua candidatura "não conseguiu reunir o consenso" para poder ser única na sua área política.
"Não me apresentarei a candidato. Eu sempre disse, fui sempre coerente, de que devia haver apenas um candidato nesta área politica (...) e manifestamente há um dado objetivo: a minha candidatura não conseguiu reunir o consenso para poder ser uma candidatura única desta área e portanto eu não me apresentarei", anunciou António Vitorino na SIC Notícias.
Para já, apresentaram formalmente a sua candidatura a Belém António José Seguro, Henrique Gouveia e Melo, Luís Marques Mendes, António Filipe, Joana Amaral Dias e André Pestana.
Augusto Ernesto Santos Silva nasceu em 20 de agosto de 1956, no Porto. É licenciado em História pela Faculdade de Letras do Porto, doutorado em Sociologia pelo ISCTE e professor catedrático na Faculdade de Economia da Universidade do Porto e investigador do Instituto de Sociologia da mesma universidade.
[Notícia atualizada às 14h11]
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