O acordo com os procuradores norte-americanos consistiu em declarar-se culpado de quatro acusações de homicídio em troca de as autoridades não solicitarem a pena de morte, noticiou a agência Associated Press.
A audiência em tribunal em que iria ser pedida a pena de morte para o arguido foi antecipada para esta quarta-feira, na sequência do acordo com a acusação.
A decisão foi condenada pelos familiares das vítimas, que lamentaram, num comunicado, a pressa das autoridades em encerrar o caso, "sem que as famílias das vítimas tenham dado o seu contributo para os pormenores do processo".
"O problema é que estão a tentar forçar a confissão de culpa para 02 de julho, dando às famílias apenas um dia para chegarem a Boise", cidade no estados norte-americano de Idaho, onde será realizada a audiência, afirmou Sharon Gray, advogada de defesa de uma das famílias, num comunicado divulgado pela CNN.
As autoridades locais responderam a uma chamada de alerta na madrugada de 13 de novembro de 2022 e encontraram os corpos de quatro jovens - Kaylee Gonçalves, Ethan Chapin, Xana Kernodle e Madison Mogen - esfaqueados até à morte nas respetivas camas, provavelmente enquanto dormiam, numa casa alugada perto do campus universitário em Moscovo.
Na altura, Kohberger era um estudante de pós-graduação em justiça criminal na Universidade do Estado de Washington, a cerca de 15 quilómetros a oeste da Universidade de Idaho.
O suspeito foi detido pelo FBI em Albrightsville, Pensilvânia, onde os seus pais moravam, semanas depois. Os investigadores disseram que fizeram corresponder o seu ADN ao material genético recuperado da bainha de uma faca encontrada no local do crime.
Não foi revelado o motivo das mortes, nem porque é que o atacante poupou dois colegas de quarto que estavam em casa. Segundo as autoridades, dados de telemóveis e vídeos de vigilância mostram que Kohberger visitou o bairro das vítimas, pelo menos, uma dúzia de vezes antes dos assassinatos.
Os homicídios chocaram a pequena comunidade agrícola de cerca de 25.000 pessoas, e provocaram uma vasta caça ao criminoso. As buscas incluíram na altura um esforço elaborado para localizar um carro branco, visto em câmaras de vigilância a passar repetidamente pela casa alugada, a tentativa de identificar Kohberger como possível suspeito através da utilização de genealogia genética, e a identificação dos seus movimentos na noite dos assassinatos através de dados de telemóvel.
Os advogados de Kohberger afirmaram num depoimento que o suspeito estava a fazer uma longa viagem sozinho na altura em que os quatro jovens foram mortos.
Numa carta enviada às famílias das vítimas, obtida pela ABC News, os procuradores norte-americanos afirmam que os advogados de Kohberger os contactaram para tentar chegar a um acordo.
A equipa de defesa tinha tentado antes a pena de morte fosse excluída como possível punição, usando, entre outros, o argumento de que um diagnóstico de autismo de Kohberger o tornava menos culpável.
Os procuradores informaram que se reuniram na semana passada com os membros das famílias disponíveis, antes de decidirem fazer uma oferta a Kohberger. "Esta resolução é a nossa tentativa sincera de procurar justiça para as famílias", escreveram na carta.
"Este acordo garante que o arguido será condenado, passará o resto da sua vida na prisão e não poderá submeter (...) às famílias a incerteza de décadas de recursos pós-condenação. Os vossos pontos de vista pesaram muito no nosso processo de tomada de decisão e esperamos que possam vir a apreciar a razão pela qual acreditamos que esta resolução é no melhor interesse da justiça", justificaram.
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