Vestígios vegetais revelam uso extensivo do fogo há 50 mil anos

Investigadores do Instituto de Oceanologia da Academia Chinesa de Ciências (IOCAS), juntamente com colaboradores da China, Alemanha e França, analisaram o registo de restos vegetais carbonizados num núcleo de sedimento com 300.000 anos do mar da China Oriental.

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Lusa
01/07/2025 11:00 ‧ há 7 horas por Lusa

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Os humanos começaram a utilizar o fogo extensivamente para regular as suas vidas e influenciar significativamente a ocorrência de incêndios há cerca de 50.000 anos, segundo um estudo.

 

Investigadores do Instituto de Oceanologia da Academia Chinesa de Ciências (IOCAS), juntamente com colaboradores da China, Alemanha e França, analisaram o registo de restos vegetais carbonizados num núcleo de sedimento com 300.000 anos do mar da China Oriental.

"As nossas descobertas desafiam a crença amplamente difundida de que os humanos só começaram a influenciar o ambiente através do fogo no passado recente, durante o Holocénico", explicou Zhao Debo, autor correspondente do estudo, em comunicado citado na segunda-feira pela agência Europa Press.

Este estudo, publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), destaca a presença de restos vegetais carbonizados, conhecido como carbono pirogénico, que se forma quando a vegetação arde, mas não é completamente consumido pelo fogo.

A investigação revela um aumento assinalável da atividade de fogo no leste asiático há aproximadamente 50.000 anos.

Esta descoberta é consistente com os relatos anteriores de aumento da atividade de fogo na Europa, sudeste asiático e na região da Papua Nova Guiné-Austrália, respetivamente, sugerindo uma intensificação do uso do fogo à escala continental durante este período.

Os paleoantropólogos que defendem a teoria da evolução sugerem que os antepassados comuns de todos os humanos modernos tiveram origem em África há cerca de 300.000 anos, e que o Homo sapiens surgiu pela primeira vez durante este período.

Entre há 70.000 e 50.000 anos, o Homo sapiens migrou de África para a Europa, Ásia, sudeste asiático e Austrália, acabando por substituir as antigas populações humanas locais.

O estudo sublinha que este aumento global do uso do fogo coincide com a rápida expansão do Homo sapiens, o aumento da densidade populacional e uma maior dependência do fogo, especialmente em condições frias e geladas.

Durante este período, o fogo não só facilitou a cozedura dos alimentos, permitindo uma absorção mais eficiente dos nutrientes, como também proporcionou proteção contra os predadores e ajudou os humanos a sobreviver em climas extremos.

Esta dependência do fogo contribuiu para os avanços culturais, inovações tecnológicas e um impacto significativo nos sistemas naturais, especialmente no ciclo do carbono.

Os humanos provavelmente começaram a moldar os ecossistemas e o ciclo global do carbono através do uso do fogo, mesmo antes da Última Idade do Gelo.

 "Mesmo durante a Última Idade do Gelo, o uso do fogo começou provavelmente a transformar os ecossistemas e os fluxos de carbono", acrescentou Wan Shiming, outro autor correspondente.

Estas descobertas têm implicações significativas para a compreensão da sensibilidade da Terra aos impactos humanos.

Se a gestão do fogo alterou os níveis de carbono atmosférico há dezenas de milhares de anos, os modelos climáticos atuais poderão subestimar a linha de base histórica das interações homem-ambiente.

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