"Trata-se de uma clara provocação, disfarçada de humor", afirmou Erdogan, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).
Erdogan denunciou "um crime de ódio" e prometeu que "aqueles que mostram insolência" para com o profeta "serão responsabilizados perante a lei".
Os exemplares da edição da revista LeMan que contêm o desenho foram apreendidos pela polícia, informou Erdogan.
Várias centenas de manifestantes voltaram hoje a vaiar a revista, um dia depois dos confrontos que se seguiram à detenção de quatro funcionários da publicação.
A polícia isolou o coração de Istambul, em torno da Praça Taksim e da avenida comercial Istiklal, e proibiu todas as concentrações.
Mesmo assim, cerca de 300 pessoas reuniram-se na mesquita de Taksim e nas imediações para denunciar a publicação da caricatura, gritando "LeMan, seus sacanas, não esqueçam o Charlie Hebdo", segundo a AFP.
Os manifestantes estavam a fazer uma referência explícita e ameaçadora aos ataques 'jihadistas' contra o semanário satírico francês, em 07 de janeiro de 2015, que mataram 12 pessoas e feriram 11.
Várias dezenas de pessoas enfurecidas atacaram na segunda-feira à noite um bar frequentado pelo pessoal da revista LeMan, no centro de Istambul, segundo a AFP.
A luta degenerou rapidamente e envolveu 250 a 300 pessoas, tendo a polícia utilizado balas de borracha e gás lacrimogéneo para as dispersar.
O ministro do Interior, Ali Yerlikaya, anunciou quatro detenções, incluindo a do autor da caricatura, do artista gráfico e de dois diretores da publicação.
O Ministério da Justiça emitiu seis mandados de captura, incluindo contra o chefe de redação e o diretor da publicação, ambos no estrangeiro.
"A Procuradoria-Geral da República abriu um inquérito sobre a publicação de um desenho na edição de 26 de junho de 2025 da revista LeMan, que denigre abertamente os valores religiosos, e foram emitidos mandados de captura para os envolvidos", declarou o Ministério Público na segunda-feira.
Uma cópia da imagem a preto e branco publicada nas redes sociais mostra supostamente Maomé e Moisés a apresentarem-se um ao outro e a apertarem as mãos nos céus de uma cidade bombardeada.
A revista LeMan, num comunicado divulgado na segunda-feira, negou as alegações e insistiu que o desenho se destinava a retratar um muçulmano chamado Maomé com o objetivo de realçar o sofrimento dos muçulmanos.
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