A Rússia assumiu hoje o controlo total da região ucraniana de Lugansk, três anos depois de Vladimir Putin ter enviado milhares de militares para a região, em fevereiro de 2022.
A informação é avançada pela televisão estatal russa e não foi ainda confirmada pelas autoridades ucranianas, avança a Reuters. Também o ministro da Defesa russo, Andrei Belousov, ainda não se pronunciou sobre o assunto.
“O território da República Popular de Lugansk está totalmente livre - a 100%”, afirmou Leonid Pasechnik a esta estação de televisão. O homem, nascido na União Soviética, é um funcionário russo nomeado por Moscovo como chefe da "República Popular de Lugansk".
Recorde-se que a conquista deste território era um dos objetivos da Rússia quando, a 24 de fevereiro de 2022, decidiu invadir a Ucrânia.
Desde o início do conflito que a Ucrânia defendeu que tanto Lugansk como outros territórios na mira dos russos eram internacionalmente reconhecidos como pertencentes ao país liderado por Volodymyr Zelensky e que as tentativas de Moscovo em apoderar-se deles era ilegal e sem fundamento.
A confirmar-se, Lugansk, que tem uma área de 26.700 km2, é a primeira região ucraniana a ficar totalmente sob o controlo estabelecido das forças russas desde que a Rússia anexou a Crimeia em 2014.
A região tem estado parcialmente sob o controlo dos separatistas apoiados pela Rússia desde 2014. Após o início da guerra em fevereiro de 2022, as forças russas conseguiram ocupar a maior parte da região em poucos meses, mas, na sequência de uma contraofensiva no outono de 2022, os ucranianos conseguiram retomar algumas áreas, recorda o meio Stiri Pe Surse. Recentemente, os ucranianos apenas controlavam alguns quilómetros quadrados.
A mesma publicação refere que apesar de nenhuma fonte oficial do governo russo se ter ainda pronunciado, isso por norma só acontece pouco depois de as autoridades locais de ocupação anunciarem a conquista.
Para além de Lugansk, Vladimir Putin alega também que as províncias ucranianas de Donetsk, Zaporíjia e Herson são território russo, tal como a península da Crimeia, ocupada ilegalmente em 2014.
As forças russas conseguiram vários avanços nos últimos meses no leste e nordeste da Ucrânia, concentrados principalmente na província de Donetsk, uma das quatro que foram anexadas em 2023 por Moscovo, uma medida não reconhecida internacionalmente.
Conflito sem fim à vista?
Desde o início do ano, e depois da chegada de Donald Trump ao poder nos EUA, muito se tem falado sobre as negociações de paz entre a Rússia e a Ucrânia.
No mês de maio, Istambul foi palco de dois encontros entre uma comitiva ucraniana e outra russa. Zelensky desafiou Putin a comparecer nestas negociações para um encontro frente a frente, mas o representante máximo de Moscovo tem evitado a sua presença.
Nestes encontros, mediados pela Turquia, foram acordadas algumas cedências, mas nunca um cessar-fogo. Assim, acordo de paz parece difícil de acontecer.
A Rússia, aliás, reconheceu no início de junho que a resolução do conflito com a Ucrânia é "extremamente complexa".
"A questão da resolução do conflito é extremamente complexa e envolve muitas 'nuances'", disse Peskov, acrescentando que Moscovo pretende, acima de tudo, "eliminar as causas profundas do conflito" para alcançar a paz com Kyiv.
Certo é que mais de três anos depois, a guerra causou dezenas de milhares de mortos civis e militares dos dois lados, e o fim é ainda uma incógnita.
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