Num comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo indicou que o embaixador do Azerbaijão no país, Rahman Mustafayev, foi convocado para Moscovo apresentar um protesto contra "as medidas deliberadas tomadas pelo Azerbaijão para desmantelar as relações bilaterais" entre os dois países.
Entre as medidas identificadas pela diplomacia russa constam "o cancelamento de eventos de alto nível no âmbito do diálogo interestatal, uma campanha de russofobia nos meios de comunicação social azeris instigada pelas autoridades e as ações inaceitáveis das forças de segurança azeris contra a agência de notícias Sputnik e os seus funcionários".
Moscovo exigiu ainda a libertação "imediata" dos dois jornalistas russos da agência de notícias Sputnik detidos na segunda-feira em Baku.
"O chefe da missão diplomática do Azerbaijão recebeu uma nota verbal exigindo a libertação imediata dos jornalistas russos Igor Kartavikh e Yevgeny Belousov, detidos em Baku", disse o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, num comunicado divulgado após a visita do embaixador azeri.
Estes desenvolvimentos fazem parte do aumento das tensões entre os dois países, após uma operação realizada no fim de semana na cidade russa de Ecaterimburgo, que teve como alvo dezenas de cidadãos de etnia azeri acusados de pertencer a um grupo criminoso e de vários homicídios. A operação ficou marcada por várias detenções e duas mortes.
As autoridades russas afirmaram que as detenções em Ecaterimburgo de vários cidadãos russos de ascendência azeri faz parte de ações "em conformidade com a lei russa" e "no âmbito de uma investigação sobre um caso de alegados crimes graves cometidos nos últimos anos em território russo, incluindo contra cidadãos do Azerbaijão".
"As tentativas de Baku de acusar as forças de segurança russas de excederem os seus poderes constituem uma interferência nos assuntos internos da Rússia", afirmou ainda a diplomacia russa, referindo-se às críticas das autoridades azeris a estas operações, que levaram o Ministério Público do Azerbaijão a abrir uma investigação sobre duas mortes ocorridas na sequência da operação securitária russa.
O Ministério Público do Azerbaijão informou que a investigação preliminar determinou que as forças de segurança russas detiveram vários azeris ou pessoas de ascendência azeri durante uma operação realizada em 27 de junho, dois dos quais foram "submetidos a tortura e agressão" durante a sua transferência e detenção, que acabaria por resultar na sua morte.
"O Ministério Público implementará todas as medidas necessárias para garantir uma investigação eficaz do caso e a responsabilização dos autores", referiram as autoridades azeris.
As autoridades russas sublinharam que a operação foi lançada contra indivíduos suspeitos de pertencerem a um grupo acusado de estar por detrás de vários assassinatos e tentativas de assassinato nos últimos anos.
Em resposta a estes acontecimentos, o Azerbaijão cancelou a visita de uma delegação parlamentar à Rússia, assim como vários eventos culturais organizados pelo Governo russo. Convocou ainda diplomatas da embaixada russa em Baku ao Ministério dos Negócios Estrangeiros, afirmando que as autoridades russas lançaram a operação por motivos étnicos.
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