As forças governamentais foram destacadas para a região após os confrontos entre combatentes drusos e tribos beduínas locais, que causaram 89 mortos desde domingo, de acordo com um último balanço do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
Um correspondente da AFP viu forças pertencentes aos Ministérios do Interior e da Defesa sírios, apoiadas por tanques, destacadas na aldeia drusa de Al-Mazra'ah, onde também se encontravam combatentes tribais beduínos.
"As forças do Ministério da Defesa estão a dirigir-se para Sweida", garantiu à AFP um comandante das forças sírias, Ezzeddine al-Chamayer.
Israel afirmou já que não vai permitir a presença militar no sul da Síria e indicou ter alvejado vários tanques que se dirigiam para Sweida, na região entre Al-Mazra'ah e Sami, para impedir o avanço.
"A presença [de tanques] no sul da Síria pode constituir uma ameaça para o Estado de Israel. O exército israelita não vai permitir o estabelecimento de uma ameaça militar no sul da Síria e vai agir em conformidade", advertiu o exército israelita, em comunicado.
Israel já interveio anteriormente na Síria em defesa da minoria religiosa drusa. Em maio, as forças israelitas atacaram um local próximo do palácio presidencial em Damasco, no que foi visto como um aviso ao Presidente interino sírio, Ahmad al-Sharaa.
Os líderes religiosos drusos pediram calma e um dos mais influentes, o xeque Hikmat al-Hejri, exigiu "proteção internacional imediata" para a comunidade, afirmando recusar a entrada das forças governamentais nas zonas controladas pelos drusos.
O ministro da Defesa israelita, Israel Katz, afirmou que Israel enviou "uma clara advertência ao regime sírio" ao atacar uma zona no sul da Síria para impedir que as forças governamentais tomassem uma aldeia drusa.
"Não permitiremos que seja feito mal aos drusos na Síria. Israel não ficará de braços cruzados", escreveu Katz na rede social X.
Mais de metade do milhão de drusos em todo o mundo vive na Síria. A maioria dos outros drusos vive no Líbano e em Israel, incluindo nos montes Golã, que Telavive conquistou da Síria na Guerra do Médio Oriente de 1967 e anexou em 1981.
Em Israel, os drusos são vistos como uma minoria leal e muitas vezes servem nas forças armadas israelitas.
O OSDH afirmou que a tensão aumentou desde os confrontos inter-religiosos em abril entre combatentes drusos e forças de segurança nas zonas drusas perto de Damasco e em Sweida, que fizeram mais de 100 mortos. Membros de tribos beduínas sunitas de Sweida participaram nos confrontos juntamente com as forças de segurança.
Com cerca de 700.000 habitantes, a província de Sweida alberga a maior comunidade drusa do país, uma minoria esotérica do Islão xiita. As tensões entre drusos e beduínos são antigas e a violência irrompe esporadicamente entre os dois lados.
Esta nova violência intercomunitária é um dos desafios de segurança do Governo interino de Al-Sharaa, que derrubou o presidente Bashar al-Assad em dezembro, num país devastado por quase 14 anos de guerra civil.
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