Mauro Vieira chegou no domingo a Nova Iorque para participar na Conferência Internacional de Alto Nível para a Solução Pacífica da Questão da Palestina e para a Implementação da Solução de Dois Estados e para realizar vários encontros bilaterais, entre os quais com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel.
Mas, numa altura em que o Brasil e os Estados Unidos vivem num clima de guerra diplomática e comercial na sequência do anúncio de imposição unilateral de tarifas de 50% por parte de Donald Trump, a diplomacia brasileiro já sinalizou à contraparte norte-americana que Mauro Vieira vai estar no país até quarta-feira.
"Nós sinalizámos ao Governo que o ministro estaria disposto a conversar com autoridades" sobre o tema das tarifas", disse à Lusa fonte do Itamaraty.
Frisaram também a "disposição em dialogar e abrir espaço para negociação", explicou a mesma fonte, avisando, contudo, que o ministro brasileiro só conversará com autoridades de "nível hierárquico adequado".
Segundo a imprensa brasileira, os canais diplomáticos entre os dois países estão praticamente desligados, sendo que a única ligação com a Casa Branca é a do filho do ex-Presidente brasileiro Eduardo Bolsonaro, que se encontra nos Estados a fazer 'lobby' a favor do seu pai e que celebrou as imposições tarifárias impostas ao seu próprio país.
No dia 09 de julho, Trump publicou uma carta endereçada ao Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, nas suas redes sociais, anunciando a aplicação de tarifas de 50% sobre todos os produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos a partir de 01 de agosto.
Segundo Trump, a medida representa uma consequência da "caça às bruxas" sofrida pelo ex-Presidente brasileiro Jair Bolsonaro, acusado de tentativa de golpe de Estado.
Eduardo Bolsonaro já sinalizou que as tarifas estão intimamente ligadas ao processo de Jair Bolsonaro e que estas apenas seriam retiradas caso fosse dada uma amnistia ao seu pai.
Hoje, o Presidente brasileiro, resfriou o discurso contra Trump e afirmou que o Brasil quer sentar-se à mesa com os Estados Unidos para resolver o impasse.
"Eu espero que o Presidente dos Estados Unidos reflita a importância do Brasil e resolva fazer aquilo que no mundo civilizado a gente faz", começou por dizer o chefe de Estado brasileiro, num evento no estado do Rio de Janeiro.
"Tem divergência? Sente numa mesa, coloque a divergência do lado e vamos tentar resolver e não de uma forma abrupta, individual, de tomar a decisão que vai taxar o Brasil em 50%", declarou.
No mesmo discurso, Lula da Silva voltou a culpar a família do ex-Presidente Jair Bolsonaro pela imposição das tarifas.
"Isso é o filho do coisa e o coisa que está pedindo para fazer", disse, referindo-se ao filho de Jair Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro.
"É uma falta de vergonha, falta de caráter, de patriotismo", frisou Lula da Silva.
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