Morreu o astronauta Jim Lovell, aos 97 anos, na quinta-feira, no estado norte-americano do Ilinóis. Foi o responsável por comandar a (quase trágica) missão Apollo 13 à Lua.
O veterano viajou ao Espaço quatro vezes, durante a longa carreira na NASA, com as missões Gemini VII, Gemini XII, Apollo 8 e Apollo 13.
A família realçou, em comunicado publicado esta sexta-feira e citado pela NBC News, as "incríveis conquistas de vida e na carreira" de Lovell, assim como a sua "liderança lendária nas viagens espaciais tripuladas pioneiras".
"Mas, para todos nós, ele era pai, avô e líder da nossa família. Mais importante que tudo, ele era o nosso herói", pode ler-se na nota. "Vamos sentir falta do seu otimismo inabalável, do seu sentido de humor e da maneira como nos convencia de que podíamos fazer o impossível. Era, verdadeiramente, único".
Jim Lovell entrou na NASA com 34 anos, em 1962, e fez parte da segunda ronda de astronautas que entraram na empresa espacial - na mesma leva entraram também Neil Armstrong, Charles "Pete" Conrad e John Young.
Também o administrador interino da NASA e secretário de Estado dos Transportes, Sean Duffy, expressou as condolências à família do astronauta. "O caráter e a coragem inabaláveis de Jim ajudaram a nossa nação a chegar à Lua e transformaram uma potencial tragédia num sucesso a partir do qual aprendemos muito. Lamentamos a sua morte, mas ao mesmo tempo celebramos as suas conquistas", referiu.
Lovell foi quatro vezes ao Espaço - a última foi a mais memorável
As duas primeiras viagens espaciais de Lovell, a Gemini VII e a Gemini XII, foram criadas para demonstrar como o ser humano podia viver sem gravidade e para testar as tecnologias de rendezvous e acoplamento - que seriam essenciais para as operações subsequentes da estação espacial. Na seguinte, em 1968, Lovell deu a volta à Lua com a missão Apollo 8.
A última viagem do astronauta foi a que ficou mais conhecida: a Apollo 13. A 11 de abril de 1970 deu-se início àquela que deveria ter sido a terceira aterragem na Lua da NASA: mas às 55 horas, 55 minutos e 4 segundos do voo um dos tanques de oxigénio da nave explodiu.
Foi aqui que surgiu a famosa frase "Houston, we’ve had a problem". Em português: "Houston, tivemos um problema".
Os três dias seguintes foram cruciais para a sobrevivência dos três astronautas, com os engenheiros da NASA a executar aquela que é considerada uma das melhores conquistas da agência, devido à complexidade da missão. Dentro da nave, a tripulação ficou praticamente sem água e eletricidade, assim como, com níveis perigosamente altos de dióxido de carbono.
Ao fim de seis dias de missão, a Apollo 13 aterrou em segurança no meio do Oceano Pacífico e a missão ficou conhecida como "um fracasso de sucesso".
A liderança calma e segura de Lovell durante o voo foi alvo de grandes elogios e, anos mais tarde, em 1995 inspirou o filme 'Apollo 13' protagonizado por Tom Hanks.
"Como comandante da missão Apollo 13, a sua compostura e firmeza sob pressão ajudaram a tripulação a regressar em segurança à Terra e demonstraram o raciocínio rápido e a inovação que inspiraram futuras missões da NASA", sublinhou a NASA em comunicado divulgado esta sexta-feira.
Apenas três anos depois desta missão, Lovell reformou-se, em 1973. Esteve 11 anos como astronauta da NASA.
Em 2020, numa entrevista ao programa 'TODAY', o astronauta fez uma refleção sobre o que tinha alcançado na vida, considerando-se "muito afortunado".
"Acho que tive uma vida que se tivesse a oportunidade de viver de novo - mesmo sabendo quais seriam as consequências e as probabilidades de regressar - faria tudo outra vez", contou o astronauta.
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