UNITA diz que balanço dos tumultos é "superior" ao divulgado pelo Governo

O líder da UNITA, maior partido da oposição angolana, disse hoje que o balanço dos tumultos registados no final de julho "é superior" ao divulgado pelas autoridades, criticando a atuação das forças de defesa e segurança.

Presidente angolano, João Lourenço, recebe líder da UNITA, Adalberto Costa Júnior

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Lusa
09/08/2025 18:24 ‧ há 2 horas por Lusa

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Angola

Adalberto Costa Júnior, que falava na província de Icolo e Bengo, onde foi inaugurado o comité provincial do partido, partilhou a sua leitura sobre os acontecimentos entre 28 e 30 de julho em algumas províncias angolanas, com destaque para Luanda, capital do país, na sequência de uma paralisação protagonizada por taxistas, em protesto à subida dos preços dos combustíveis e consequentemente das tarifas dos transportes públicos.

 

O presidente da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) sublinhou que em Angola há o direito constitucional de manifestação, que "não é questionável em nenhuma circunstância", contudo, o que se verifica sempre são "dificuldades, impedimentos", quando não é partido no poder que informa que vai manifestar-se.

"E são muitas vezes estes impedimentos, estas dificuldades que causam o problema a seguir, muitas vezes. Não podemos continuar a testemunhar um país, onde quando se manifesta o partido no poder tem proteção, cumpre os percursos normais, quando são os outros tem sempre alterações, proibições, violência, contestação, isto não é aceitável", referiu.

Segundo Adalberto Costa Júnior, a preparação para a retirada dos subsídios aos combustíveis, que vem acontecendo desde 2023, "nunca é feita de forma adequada", acusando o Governo de comunicar mal e de não preparar "devidamente o país para estas realidades".

Recentemente, o líder da UNITA apresentou algumas soluções, como a necessidade de se quebrar o monopólio das decisões dos combustíveis em Angola, numa conferência em que participou sobre economia

"Um só operador que domina tudo sobre a questão dos combustíveis, os preços, não há competição, e nós hoje já descobrimos que não é a economia centralizada que nos vai levar ao desenvolvimento. A economia centralizada é caraterística dos países comunistas. Angola aproxima-se da América, de outros mercados ocidentais, mas não abandona as suas velhas teorias, as velhas escolas", frisou o político.

Adalberto Costa Júnior criticou então o executivo angolano, que "não gosta de ouvir, de se sentar com os outros, de partilhar, uma das bases das razões dos problemas".

O dirigente acusou ainda os órgãos de comunicação social públicos de terem sido os causadores da desinformação da greve dos taxistas, que apelava às pessoas para ficarem em casa nos três dias de paralisação programados.

O líder da UNITA referiu ainda que "não é normal" que forças de defesa e segurança, que em Angola "são completamente profissionais, têm boa escola", não saibam gerir situações como a que se verificou naquela semana.

"Saber gerir não é o disparo fácil, não é o dedo no gatilho como primeira questão, não é aquilo. Uma força de defesa e segurança tem treino, tem escola, para saber abordar, em circunstâncias de risco o cidadão, as mamãs, as crianças, os jovens, mesmo aqueles que "pisaram a regra, a lei e a ordem"", sublinhou, criticando o posicionamento do Ministro do Interior, porque "não se pode legitimar o uso da bala fácil em nenhuma circunstância".

"O balanço é violento, é triste, e os balanços não são conhecidos completamente, falam de 30 mortos em Luanda, mas aquilo que nós estamos a receber, os números são muito superiores e nós tememos que aquelas imagens que estivemos a ver, que correm hoje na Internet, que nos deixam a suspeição forte de crimes praticados nas buscas, à noite, pessoas tiradas das casas sem o mínimo respeito por aquilo que a lei obriga, por aquilo que a Constituição obriga. Não podemos construir um país dessa maneira", acrescentou.

Adalberto Costa Júnior disse condenar "indiscutivelmente" os atos de pilhagem, mas não pode "ignorar a fome, a grande diferença do nível de vida entre os muito ricos e os muito pobres" em Angola.

"Por trás de muito daquele povo que acompanhou os assaltos existiram razões sociais muito profundas, existiu muito sofrimento, muita exclusão, falta de emprego, falta de esperança e não podemos deixar de chamar a quem de direito, a quem está sentado na cadeira do poder, que deve aceitar sentar com os diferentes, deve fazer uma profunda reflexão sobre o país real", enfatizou.

Os dados oficiais apontam para 30 mortos, mais de duas centenas de feridos e mais de 1.500 detenções.

Leia Também: Procuradoria-Geral de Angola analisa mortes durante tumultos

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