Conselho de Segurança da ONU reúne-se de urgência sábado sobre Gaza

A reunião terá início às 15:00 locais (20:00 hora de Lisboa), segundo consta na agenda da organização internacional.

Conselho de Segurança da ONU - Organização das Nações Unidas - Murat Gok/Anadolu via Getty Images

© Murat Gok/Anadolu via Getty Images

Lusa
08/08/2025 18:47 ‧ ontem por Lusa

Mundo

Médio Oriente

O Conselho de Segurança da ONU vai realizar uma reunião de urgência no sábado, no seguimento dos planos israelitas de ocupação da principal cidade da Faixa de Gaza, informaram hoje fontes diplomáticas à agência noticiosa France-Presse (AFP).

 

O pedido da reunião foi apresentado por vários dos 15 países que integram o Conselho de Segurança, em seu nome e da Palestina, segundo o representante da Autoridade Palestiniana nas Nações Unidas, Riyad Mansour, quando questionado pelos jornalistas.

A reunião terá início às 15:00 locais (20:00 hora de Lisboa), segundo consta na agenda da organização internacional.

A decisão do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, de ordenar ao Exército que assuma o controlo da Cidade de Gaza, no norte do território, e deslocar centenas de milhares dos seus habitantes está a provocar uma vaga protestos e indignação em todo o mundo.

A decisão foi anunciada na madrugada de hoje após uma reunião do Gabinete de Segurança que demorou 10 horas, mas o Governo não revelou muitos pormenores sobre o plano.

Antes da reunião, o líder israelita disse à emissora norte-americana Fox News que o objetivo era ocupar toda a Faixa de Gaza, mas que não tencionava mantê-la ou governá-la, apenas garantir um "perímetro de segurança" antes de entregar o território ao que designou "forças árabes", que o governarão "sem ameaçar Israel".

Segundo a imprensa israelita, a operação começará pela Cidade de Gaza, cujos habitantes serão deslocados para o sul até 07 de outubro, o segundo aniversário dos ataques do grupo islamita Hamas em Israel, que desencadearam a atual guerra.

Além da derrota e desarmamento do Hamas, da desmilitarização da Faixa de Gaza e do controlo israelita da segurança, Israel reafirmou o princípio do regresso dos reféns ainda em poder do grupo palestiniano, 20 dos quais vivos e 30 mortos, para o fim da ofensiva.

Um dos princípios essenciais para o fim da ofensiva aprovados pelo Governo de Netanyahu é "o estabelecimento de uma administração civil alternativa que não seja nem o Hamas nem a Autoridade Palestiniana", que governa parte da Cisjordânia.

O Gabinete de Segurança tomou a decisão contra a opinião do comandante das forças armadas, Eyal Zamir, que, segundo vários meios de comunicação israelitas, apresentou um plano alternativo à ocupação de Gaza, que consistia em cercar as cidades e os campos de refugiados e fazer incursões pontuais.

Zamir defendeu que entrar por terra em zonas onde houvesse reféns poderia pô-los em perigo, como já aconteceu no passado.

No seguimento da reunião, o chefe do Estado-maior israelita já discutiu hoje com os seus comandos militares os planos a próxima fase da ofensiva terrestre na Faixa de Gaza, incluindo a tomada da cidade de Gaza e a deslocação da população local.

Segundo um comunicado militar, Zamir "realizou uma avaliação da situação e um 'briefing'" com altos oficiais do Comando Sul, responsável pelas operações em Gaza, com o objetivo de "formular planos e preparativos" para a continuação das operações no enclave palestiniano.

Zamir referiu que os esforços serão intensificados nos próximos dias, de forma a "criar as condições necessárias para o regresso dos reféns e a derrota do regime do Hamas", objetivos que têm sido assumidos por Telavive desde os ataques de 07 de outubro de 2023.

Em reação às medidas aprovadas na última madrugada, o alto-comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk, lamentou hoje que o plano israelita vá "contra a decisão do Tribunal Internacional de Justiça de que Israel deve pôr fim à sua ocupação o mais rapidamente possível" e também "contra a concretização da solução de dois Estados [Israel e Palestina] acordada e contra o direito dos palestinianos à autodeterminação".

Volker Turk acredita que "esta nova escalada [no conflito israelo-palestiniano] provocará deslocações forçadas ainda mais massivas, mais mortes, mais sofrimento insuportável, destruições insensatas e crimes atrozes".

O alto-comissário da ONU pediu ao Governo israelita que permita a entrada "sem obstáculos" de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, "em vez de intensificar a guerra", para salvar a vida de civis.

Israel impôs um bloqueio ao território e impediu as organizações internacionais de distribuírem ajuda à população, que tem sido feita exclusivamente desde maio pela Fundação Humanitária de Gaza, criada com apoio das autoridades de Telavive e Washington.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, 99 pessoas, incluindo 29 crianças com menos de cinco anos, morreram de subnutrição desde janeiro, "números provavelmente subestimados" e que são elevadas pelo ministro da Saúde do território para 202 mortes, das quais 98 são menores.

O conflito na Faixa de Gaza foi desencadeado pelos ataques liderados pelo Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, onde perto de 1.200 pessoas morreram e cerca de 250 foram feitas reféns.

Em retaliação, Israel lançou uma vasta operação militar no território, que já provocou mais de 61 mil mortos, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas, a destruição de quase todas as infraestruturas do enclave e a deslocação de centenas de milhares de pessoas.

[Notícia atualizada às 20h41]

Leia Também: De Portugal à Austrália: Plano de Israel de ocupar Gaza gera rejeição

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas