"O alvo deliberado dos jornalistas por Israel na Faixa de Gaza revela o quanto esses crimes ultrapassam a imaginação", disse Mohammed ben Abdulrahmane al-Thani, que prestou homenagem à memória de "Anas al-Sharif, Mohammed Qraiqea e seus colegas" mortos no ataque a uma tenda na cidade de Gaza.
Por outro lado, o Governo de Gaza, liderado pelo Hamas, anunciou também a morte, no mesmo ataque, de mais um jornalista, Mohamed Al Khalidi, do meio de comunicação palestiniano Sahat, no "ataque de precisão" de Israel, junto ao hospital al-Shifa.
No ataque morreram os correspondentes da televisão do Qatar Al Jazeera Anas al-Sharif e Mohamed Qraiqea, os fotojornalistas Ibrahim Zaher e Moamen Aliwa, o assistente de fotojornalismo Mohamed Nofal e Al Khalidi.
Também a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) denunciou hoje "com veemência e indignação o assassínio reivindicado" pelo exército israelita do jornalista Anas al-Sharif, que o exército israelita reconheceu ter alvejado pois considerava-o um "terrorista".
"Anas al-Sharif, um dos jornalistas mais famosos da Faixa de Gaza, era a voz do sofrimento imposto por Israel aos palestinianos de Gaza", afirmou a organização de defesa dos direitos dos jornalistas num comunicado enviado à agência noticiosa France-Presse (AFP), pedindo uma "ação forte da comunidade internacional para deter o exército israelita".
A Al Jazeera, canal com sede no Qatar, anunciou no domingo a morte de cinco dos seus jornalistas durante um ataque israelita na Faixa de Gaza. Entre eles, Anas al-Sharif, 28 anos.
Os nomes dos seis jornalistas juntam-se à lista de mais de 200 profissionais (237, referiu o Governo de Gaza), mortos na guerra lançada como retaliação ao sangrento ataque do movimento palestiniano Hamas a 07 de outubro de 2023.
Segundo os RSF, "o Conselho de Segurança das Nações Unidas deve reunir-se urgentemente com base na resolução 2.222 de 2015 sobre a proteção de jornalistas em períodos de conflito armado", a fim de evitar "tais assassínios extrajudiciais de profissionais da comunicação social".
Os RSF lembram que já apresentaram "quatro queixas" contra o exército israelita no Tribunal Penal Internacional "por crimes de guerra cometidos contra jornalistas em Gaza".
O exército israelita confirmou ter alvejado Anas al-Sharif, qualificando-o como um "terrorista" que "se fazia passar por jornalista".
"Al-Sharif era o líder de uma célula terrorista dentro da organização terrorista Hamas e era responsável pela preparação de ataques com foguetes contra civis israelitas e tropas" israelitas, afirmaram as Forças de Defesa de Israel (FDI) na rede social Telegram.
Os RSF defenderam que essas acusações foram feitas "sem provas", criticando o exército israelita por ter "reproduzido um procedimento conhecido e já testado, especialmente contra jornalistas da Al Jazeera".
"A 31 de julho de 2024, o exército israelita matou os repórteres Ismail al-Ghoul e Rami al-Rifi num ataque direcionado e reivindicado, acusando o primeiro de ser um terrorista", argumentou a RSF.
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