Dados da AIMA? Nível de vida face à UE estará "abaixo do que se pensava"

Um estudo da Faculdade de Economia do Porto indica que o nível de vida nacional face à UE estará "abaixo do que se pensava", pois o valor oficial é "sobrestimado" por falta de dados atualizados da imigração da AIMA.

AIMA, imigrantes, Lisboa

© GlobalImagens/Leonardo Negrão

Lusa
29/07/2025 06:19 ‧ há 10 horas por Lusa

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"De facto, o nível de vida português está abaixo do que se pensava, avaliando naturalmente por PIB [Produto Interno Bruto] 'per capita' à paridade dos poderes de compra. Tem estado sobrestimado por não contar com toda a população estrangeira residente", disse à Lusa Óscar Afonso, diretor da FEP e um dos autores de um estudo do Gabinete de Estudos Económicos, Empresariais e de Políticas Públicas (G3E2P) da FEP, no caso a análise Flash nº.3 de 2025, hoje divulgada.

 

De acordo com Óscar Afonso, os dados oficiais mostram que "em 2023 o valor do nível de vida correspondia a 80,7% da média da União Europeia [UE]", estando Portugal na 18.ª posição a nível europeu.

"Mas se corrigirmos pelos dados da AIMA [Agência para a Integração, Migrações e Asilo] passamos para 78,92%, ou seja, para a 19.ª posição", refere, apontando ainda que em 2024, 2025 e 2026 "há uma revisão em baixa de 2,4 pontos percentuais, que se mantém".

Segundo o académico, se considerados os dados da AIMA e estimativas do estudo sobre evolução da população, em 2024 "o nível de vida estará a 79,18% contra os 81,6% oficiais, em 2025 estará nos 79,27% contra os 81,70% que serão oficiais, e em 2026 79,47% contra os que irão ser oficiais de 81,9%".

Em causa está a diferença entre os dados do Relatório intercalar sobre a Recuperação de processos pendentes da AIMA, revelado em abril, tendo conta "a revisão em alta da população média que decorre dos novos números de estrangeiros com estatuto legal de residente", e os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), ainda não revistos.

"A população estrangeira aumentou de forma acentuada. Em 2017 cresceu 4,1%. Em 2024 cresceu 14,4% e serão já 1,6 milhões de residentes", assinala Óscar Afonso, falando num aumento de imigrantes de cerca de 300 mil por ano e considerando que "a economia não precisava de tantos", apesar de necessitar dos mesmos "para crescer", defendendo o economista um "padrão de especialização diferente".

Pelas contas do estudo, Portugal precisaria hoje de receber 80 mil imigrantes por ano para estar na primeira metade dos países mais ricos da UE em 2033, pretendendo o documento "alertar para o facto de ter de haver alinhamento da imigração com aquilo que a economia precisa".

"Eu acho que nós devemos tratar todos os seres humanos com toda a dignidade, esse é o primeiro ponto. Posto isso, eu acho que este estudo faz sentido porque nós também não queremos as pessoas para depois as tratar mal, e a andarem aqui a serem maltratadas e a não ter rendimento. Não é isso que desejamos", defendeu.

O economista resume que, com os dados do estudo, "Portugal não ultrapassa os 80% [do nível de vida médio da UE] desde 2010, ao contrário do que indicam os dados oficiais da Comissão Europeia", estando praticamente ao nível da Roménia em 2026, com 79,47% para Portugal e 79,45% para a Roménia.

"Portugal desce, então, em 2026, para a 21.ª posição, será o sétimo pior da União Europeia, e pode cair até 22.º, o sexto pior, caso a Roménia tenha um desempenho ligeiramente melhor ou nós ligeiramente pior", alerta.

O diretor da FEP lembra que, "em 1999, a Roménia tinha um nível de vida, comparado com a média da União Europeia, de 26,9%, e Portugal tinha 85%", e que, "em 2026, a Roménia vai estar com 79,45% e Portugal com 79,47%".

"Ou seja, a Roménia passou de 26,9% para 79,45% e Portugal passou de 85% para 79,47%, sendo que nós tivemos mais fundos e tivemos este desempenho medíocre", contestou, referindo que a Roménia cresceu 4% ao ano entre 1999 e 2019 e Portugal 0,9%, e alertando que, no futuro, "sem reformas, Portugal será ultrapassado em definitivo pela Roménia" e "caminhará para a cauda da Europa".

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