João Maria Jonet quer desmantelar "aparelho" do PSD em Cascais

O consultor político João Maria Jonet apresentou hoje a sua candidatura como independente ao município de Cascais nas próximas eleições autárquicas, após se desvincular do PSD, prometendo "fazer a diferença" na separação do "aparelho partidário" social-democrata e da câmara.

João Maria Jonet

© Reprodução Facebook/João Maria Jonet

Lusa
25/06/2025 19:39 ‧ há 9 horas por Lusa

Política

Autárquicas

"Cascais é um desses exemplos em que muitas das pessoas do partido se começam a confundir com pessoas da câmara e isso acaba por criar mal-estar junto dos técnicos que já estão na câmara e das pessoas que estão a fazer trabalho técnico não por motivações políticas", afirmou Jonet.

 

O também comentador televisivo, que falava à Lusa sobre a apresentação oficial da sua candidatura, no Parque Marechal Carmona, considerou que pode "fazer a diferença em tentar fazer esta separação entre o aparelho partidário do PSD e a câmara".

"Isso é uma coisa que custa muito dinheiro à câmara, em redundância, em empresas municipais que se criam" e no "funcionamento interno da câmara, que é constantemente alterado para acomodar mais e mais e mais aumentos de pessoal", apontou.

Na sua leitura, "os partidos -- os mesmos que, noutros tempos, representaram ideias fortes, lideranças ousadas e verdadeiros projetos de país -- tornaram-se máquinas de gestão interna".

"Quando olhamos para Cascais e vemos que os candidatos dos dois principais partidos são presidentes de concelhias percebemos tudo. A política passou de ser um reflexo da sociedade civil para ser um clube fechado em que se candidata quem tirou senha para entrar há mais tempo", criticou, aludindo ao social-democrata Nuno Piteira Lopes e ao socialista João Ruivo.

Nesse sentido, o candidato assumiu que vai "tomar partido", mas "por Cascais", recusando "o crescimento desordenado que tem vindo a destruir o território" e, "com ele, a vida das pessoas".

Trata-se, na prática, de "exigir que a habitação seja um direito e não um luxo", recuperar os edifícios devolutos e "criar programas reais de arrendamento acessível", ou, como em Tires, "deixar de pôr jatos à frente do bem-estar de milhares de famílias".

"Não precisamos de mais condomínios para residentes não habituais. Precisamos de soluções para quem trabalha aqui e quer cá viver", advogou.

Admitindo que "não vai ser fácil chamar a atenção das pessoas num concelho tão grande", o quinto maior do país, o candidato notou, no entanto, que será uma oportunidade para "o tal sobressalto democrático", de voltar "a participar e a acreditar que a política pode ser feita para melhorar" a comunidade.

"Mas também não é preciso inventar a roda, há coisas em Cascais que podiam melhorar, só por vontade política de querer fazer as coisas de maneira diferente", argumentou, começando por não ser preciso "ter uma câmara tão inchada" - assim "dava para, em troca, as pessoas terem que pagar menos IRS em Cascais", que não devolve aos munícipes parte do imposto cobrado pelo Estado.

Sublinhando que nada tem contra a construção, Jonet advogou que "tem que ser regrada" e "os políticos não são eleitos para obedecer a investidores", mas antes a eleitores. Apesar de achar fazer sentido construir perto da estação ferroviária de Carcavelos, discorda de como a câmara conduziu a aprovação do projeto da Quinta dos Ingleses.

No seu entender, o ambiente deve ser protegido com seriedade, parando "de fingir" que Cascais é "um concelho verde enquanto se fazem projetos que rasgam" dunas, "abatem milhares" de árvores, desrespeitam cursos de água e colocam as "praias em risco", como na Quinta dos Ingleses.

"Há rede viária para atualizar, há transportes públicos para pensar melhor", desafiou, notando que no concelho se prefere "o eleitoralismo da gratuitidade em vez das soluções pensadas do investimento na rede e de uma rede mais completa", quando o transporte gratuito "custa 15 milhões ao ano", em vez de se analisar se esse montante dá para ter "uma rede que possa ser muito mais usada".

João Maria Jonet, 27 anos, é licenciado em Ciência Política e Relações Internacionais pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, da Universidade Nova de Lisboa, e trabalhou com políticos como Carlos Moedas e Jorge Moreira da Silva.

O mandatário da candidatura é o advogado Nuno Galvão Teles e a comissão de honra, presidida por Eduardo Marçal Grilo, ex-ministro de um Governo PS, integra também a ex-ministra Maria de Lurdes Rodrigues, o antigo ministro social-democrata Fernando Negrão, a ex-vereadora Ana Clara Justino, o farmacêutico João Cordeiro, a atriz Rita Blanco, o ator Miguel Guilherme ou o cantor Samuel Úria.

O executivo de Cascais é composto por sete eleitos da coligação Viva Cascais (PSD/CDS-PP), três da coligação Todos por Cascais (PS/PAN/Livre) e um do Chega.

O atual presidente, Carlos Carreiras, atingiu o limite de três mandatos, pelo que não se pode recandidatar.

As eleições autárquicas irão decorrer entre setembro e outubro.

Leia Também: João Maria Jonet justifica saída: "PSD é cínico ocupante do poder"

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