Segunda-feira foi o último dia como agência independente para a organização humanitária e de desenvolvimento com seis décadas, criada pelo presidente John F. Kennedy como forma pacífica de promover a segurança nacional dos EUA, impulsionando a boa vontade e a prosperidade no estrangeiro.
O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, determinou a incorporação da USAID no Departamento de Estado a partir de terça-feira.
Obama (democrata) classificou o desmantelamento da USAID pela administração liderada pelo republicano Donald Trump como "um erro colossal".
Os ex-presidentes e Bono conversaram com milhares de pessoas na comunidade da USAID numa videoconferência, que foi anunciada como um evento fechado à imprensa, para permitir privacidade a líderes políticos e outras pessoas para comentários por vezes furiosos e frequentemente chorosos.
Partes do vídeo foram partilhadas com a agência Associated Press (AP).
Os responsáveis expressaram o seu apreço pelos milhares de funcionários da USAID que perderam os seus empregos e o trabalho de uma vida.
A sua agência foi uma das primeiras e mais ferozmente alvos de cortes governamentais por parte do Presidente Donald Trump e do seu aliado, o bilionário Elon Musk, com funcionários abruptamente bloqueados de sistemas e escritórios e despedidos por e-mails em massa.
Trump alegou que a agência era gerida por "lunáticos radicais de esquerda" e infestada de "fraudes tremendas". Musk chamou-lhe "uma organização criminosa".
Bush, que também discursou numa mensagem gravada, foi diretamente aos cortes num programa histórico de SIDA e VIH iniciado pelo seu governo republicano e creditado por ter salvo 25 milhões de vidas em todo o mundo.
A reação bipartidária do Congresso ao corte do popular Plano de Emergência do Presidente para o Alívio da SIDA, conhecido como PEPFAR na sigla em inglês, ajudou a poupar recursos significativos para o programa.
A ex-presidente da Libéria Ellen Johnson-Sirleaf, o ex-presidente colombiano Juan Manuel Santos e a ex-embaixadora dos EUA na ONU Linda Thomas-Greenfield também falaram com os responsáveis.
O músico Bono, líder da banda U2 e ativista, defensor humanitário de longa data em África e noutros países, foi anunciado como o "convidado surpresa", de óculos escuros e boné.
Bono conteve as lágrimas em alguns momentos ao recitar um poema que tinha escrito para a agência e para a sua devastação.
Falou sobre as crianças que morrem de subnutrição, uma referência a milhões de pessoas que, segundo investigadores da Universidade de Boston e outros analistas, morrerão devido aos cortes nos EUA no financiamento de programas de saúde e outros programas no estrangeiro.
O Departamento de Estado afirmou que vai apresentar esta semana o programa sucessor da USAID para a assistência externa, que se chamará "América Primeiro".
"O novo processo irá garantir uma supervisão adequada e que cada dólar gasto em impostos ajudará a promover os nossos interesses nacionais", sublinhou a diplomacia norte-americana.
A USAID supervisionou programas em todo o mundo, fornecendo água e alimentos vitais a milhões de pessoas que ficaram sem casa devido aos conflitos no Sudão, na Síria, em Gaza e noutros locais.
Patrocinou a "Revolução Verde" que revolucionou a agricultura moderna e conteve a fome, prevenindo surtos de doenças, promovendo a democracia e fornecendo financiamento e desenvolvimento que permitiram aos países e às pessoas sair da pobreza.
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