O político de 75 anos, que garante ser inocente, chegou esta manhã a um tribunal na capital Banguecoque para a audiência inicial do julgamento pelo crime de lesa-majestade.
Shinawatra foi acusado em 2016 por comentários feitos a jornalistas quando um ano antes, numa visita à Coreia do Sul, acusou o Conselho Privado da Casa Real, o órgão que aconselha o rei, de orquestrar o golpe de 2014, que derrubou o governo da irmã, Yingluck.
O empresário, que governou a Tailândia de 2001 a 2006 --- altura em que foi deposto devido a um levantamento militar --- esteve em exílio autoimposto durante 15 anos, mas regressou em agosto de 2023 para cumprir uma pena de oito anos.
No mesmo dia, o partido Pheu Thai, dominado por Shinawatra, assumiu o poder.
Em fevereiro de 2024, saiu em liberdade condicional do hospital, em Banguecoque, onde passou seis meses a cumprir pena por crimes relacionados com corrupção.
Depois do regresso à Tailândia, o gabinete do Procurador-Geral indicou ter recuperado uma investigação sobre a alegada violação, há uma década, da lei de lesa-majestade.
Três testemunhas de acusação deverão prestar depoimento hoje, confirmou à imprensa o advogado de Thaksin, Winyat Chartmontree.
O julgamento deverá terminar a 23 de julho, depois de a acusação ter realizado mais duas sessões para apresentar mais sete testemunhas.
A defesa vai realizar a sua audiência em 15 de julho, tendo convocado 14 pessoas para depor ao longo de quatro dias, de acordo com o jornal Thai Enquirer.
Thaksin, que está em liberdade sob fiança, deverá comparecer a todas as sessões, garantiu o advogado.
A lei sobre a difamação da monarquia na Tailândia é punível com três a 15 anos de prisão, sendo uma das legislações do género mais severas do mundo, mas não inclui, em princípio, o Conselho Privado da Casa Real.
Não obstante, os tribunais tailandeses interpretam frequentemente a lei de forma ampla, algo que gerou críticas por parte das Nações Unidas.
O regresso da família Shinawatra ao poder em 2023 pareceu selar a reconciliação entre o ex-presidente e a elite pró-monarquia e pró-militar, com quem se tinha desentendido.
Mas a situação mudou de figura em junho, após a divulgação de uma conversa com o ex-primeiro-ministro do Camboja e atual presidente do Senado, Hun Sen, em que Paetongtarn Shinawatra questionava o papel de um alto comandante do exército tailandês, no contexto de um conflito fronteiriço entre os dois países.
O Tribunal Constitucional da Tailândia começou hoje a analisar uma petição dos senadores conservadores, que acusam a primeira-ministra de "grave violação ética", e que pode levar à demissão de Paetongtarn Shinawatra.
Leia Também: Manifestantes nas ruas da Tailândia pedem renúncia da primeira-ministra