O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão para os Assuntos Jurídicos e Internacionais, Kazem Gharibabadi, disse aos jornalistas, em Nova Iorque, que o objetivo desta visita é discutir a futura cooperação entre Teerão e a agência de vigilância nuclear das Nações Unidas.
"Estamos em contacto com a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) para discutir um novo processo referente às relações do Irão com a AIEA nas novas condições. Neste sentido, acordámos receber uma delegação técnica da AIEA que irá visitar o Irão muito em breve, nas próximas duas a três semanas, para discutir este processo", informou o vice-chefe da diplomacia iraniana.
"Este é mais um sinal de boa vontade que o Irão demonstra, independentemente da nossa insatisfação com a abordagem da AIEA. Espero que esta atitude seja bem recebida e que valorizem a cooperação e a boa vontade", sublinhou Gharibabadi, citado pela agência de notícias estatal IRNA.
No domingo, o Governo iraniano confirmou uma nova ronda de negociações com Alemanha, França e Reino Unido, na sexta-feira em Istambul (Turquia), sobre o programa nuclear de Teerão.
Horas antes, os três países europeus -- signatários do acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano firmado em 2015 -- tinham avançado que pretendiam ter novas conversações com o Irão.
Nas declarações aos jornalistas, o vice-ministro iraniano descreveu uma conversa telefónica mantida entre os três países europeus e o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araqchi, como "muito importante", admitindo que o executivo de Teerão não descarta a possibilidade de retomar as negociações com Washington.
Gharibabadi lembrou a importância de preparar o terreno para aquela que será a sexta ronda de negociações sobre o programa nuclear iraniano, "incluindo garantir que o Irão não é atacado durante as negociações e que ambas as partes concordam com um resultado mutuamente benéfico".
O vice-ministro acrescentou que a Organização Iraniana de Energia Atómica está a avaliar os danos causados nas instalações nucleares iranianas em resultado dos recentes ataques israelitas e norte-americanos.
A 22 de junho, os Estados Unidos bombardearam a instalação subterrânea de enriquecimento de urânio em Fordo, a sul de Teerão, e as instalações nucleares de Isfahan e Natanz, no centro do país persa.
Durante a recente guerra de 12 dias entre Israel e o Irão, que ocorreu em junho passado, Telavive realizou centenas de ataques a instalações nucleares e militares iranianas e matou cientistas ligados ao programa nuclear iraniano.
O Irão retaliou com ataques de mísseis e drones contra Israel. Tal como os países ocidentais, Israel sustenta que o Irão quer desenvolver uma bomba atómica.
Teerão, que nega veementemente ter tais ambições militares, afirma estar a desenvolver energia nuclear para necessidades civis, particularmente energéticas.
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