O primeiro-ministro interino tailandês acusou o Camboja de falta de "boa fé", ao partir para a Malásia, onde se reunirá hoje com o homólogo cambojano em Putrajaya, a capital económica do país mediador.
"Não achamos que o Camboja esteja a agir de boa-fé, tendo em conta as ações para resolver o problema. Eles têm de demonstrar uma intenção sincera", disse Phumtham Wechayachai aos jornalistas no aeroporto em Banguecoque.
Também o Camboja afirmou que os ataques continuaram esta madrugada nos templos disputados de Ta Moan Thom e Ta Krabey, a mais de 400 quilómetros de Banguecoque e Phnom Penh.
A porta-voz do Ministério da Defesa do Camboja, Maly Socheata, disse, numa conferência de imprensa, que a Tailândia atacou o território cambojano entre domingo e a madrugada de hoje com obuses de artilharia e bombas de fragmentação.
Os líderes políticos do Camboja e da Tailândia vão reunir-se hoje na Malásia para tentar chegar a um cessar-fogo no conflito, que começou na quinta-feira passada na fronteira entre os dois países e provocou, até agora, pelo menos 35 mortos e cerca de 350 mil pessoas retiradas das suas casas.
"Sublinhamos a necessidade de ambas as partes exercerem a máxima contenção e se comprometerem com um cessar-fogo imediato, abstendo-se de qualquer ação que o possa prejudicar", lê-se num comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Malásia.
"Exortamos ambas as partes a cessarem todas as hostilidades, a regressarem à mesa das negociações para restaurar a paz e a estabilidade e a resolverem os diferendos e as divergências por meios pacíficos", declarou ainda o Governo de Kuala Lumpur.
O primeiro-ministro malaio, Anwar Ibrahim, deverá encontrar-se com os seus homólogos cambojano, Hun Manet, e tailandês, Phumtham Wechayachai, em Putrajaya, pelas 15:00 de hoje(08:00 em Lisboa).
A Malásia detém a presidência rotativa da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), da qual Banguecoque e Phnom Penh são membros, e já interveio como mediadora entre as partes no segundo dia do diferendo.
"O objetivo desta reunião é chegar a um cessar-fogo imediato", disse Hun Manet nas redes sociais no domingo à noite.
O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Marco Rubio, exortou os dois países a diminuírem as tensões "de imediato" e a concordarem com um cessar-fogo na disputa fronteiriça.
"Tanto o Presidente [Donald] Trump como eu estamos em contacto com os nossos homólogos de cada país e estamos a acompanhar a situação de muito perto. Queremos que este conflito termine o mais rapidamente possível", apontou Rubio na rede social X.
Além de Washington e da ASEAN, também a ONU, China, União Europeia, Japão e Rússia, entre outros, apelaram à contenção e ao diálogo entre as partes.
De acordo com os últimos dados oficiais, foram mortas 22 pessoas do lado tailandês - 14 civis e oito soldados - e 13 do lado cambojano - oito civis e cinco militares.
Os confrontos, que começaram depois de semanas de tensão entre os dois países, já provocaram a deslocação de cerca de 218 mil pessoas na Tailândia, enquanto o Camboja informou que o número de famílias deslocadas ascende a 40 mil.
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