"Estas alegações infundadas (...) são totalmente falsas, não se baseiam em nenhuma prova e fazem parte da campanha de desinformação (...) levada a cabo pelo Sudão", declarou á agência de notícias France-Presse (AFP) um responsável dos Emirados Árabes Unidos, acusado regularmente de apoiar os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), em guerra contra o exército no Sudão.
Na quarta-feira, a televisão estatal sudanesa noticiou que a Força Aérea Sudanesa tinha destruído um avião dos Emirados Árabes Unidos que transportava mercenários colombianos, dos quais pelo menos 40 foram mortos, ao aterrar num aeroporto controlado pelos paramilitares em Darfur.
A aeronave "foi bombardeada e completamente destruída" ao aterrar no aeroporto de Nyala, em Darfur do Sul, disse à AFP uma fonte militar, que pediu para não ser identificada.
O aeroporto foi recentemente bombardeado várias vezes pelo exército sudanês, liderado pelo general Abdel Fattah al-Burhane, envolvido desde abril de 2023 numa guerra devastadora contra as RSF do seu adjunto, que se tornou rival, Mohamed Daglo.
Em junho, três testemunhas relataram que um avião de carga tinha sido bombardeado pouco depois de aterrar.
Tal como outros conflitos, o do Sudão é exacerbado por interferências estrangeiras, muitas vezes conduzidas nos bastidores.
Neste contexto, o exército acusa há muito tempo os Emirados de fornecerem armas aos paramilitares, nomeadamente drones, através do aeroporto de Nyala.
Abu Dhabi sempre negou qualquer envolvimento, apesar de vários relatórios de especialistas da ONU e de organizações internacionais.
Na segunda-feira, o Governo sudanês alinhado com o exército acusou os EAU de recrutar e financiar mercenários colombianos para lutar ao lado dos paramilitares, afirmando ter documentos que o comprovam.
Relatórios no final de 2024 mencionaram a presença de combatentes colombianos em Darfur, o que foi confirmado por especialistas da ONU.
Esta semana, as Forças Conjuntas --- uma coligação pró-exército ativa em Darfur - relataram a presença de mais de 80 mercenários colombianos ao lado das RSF em Al-Fashir, a última capital de Darfur ainda controlada pelo exército.
Mercenários colombianos, muitas vezes ex-soldados ou guerrilheiros, apareceram em outros conflitos ao redor do mundo e já foram recrutados pelos Emirados para operações no Iémen e no Golfo.
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