"O Conselho Federal está determinado a prosseguir as discussões com Washington, a fim de reduzir o mais rapidamente possível os direitos aduaneiros adicionais sobre os produtos suíços", disse o Governo num comunicado.
Face a esta pretensão, "não estão previstas, de momento, contramedidas aduaneiras em resposta aos aumentos dos direitos aduaneiros dos Estados Unidos", acrescentou, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).
O comunicado foi divulgado depois de uma reunião que se seguiu ao regresso de Washington, esta manhã, da Presidente da Confederação Helvética e ministra das Finanças, Karin Keller-Sutter, e do vice-presidente e ministro da Economia, Guy Parmelin.
Em Washington, a delegação suíça foi recebida pelo chefe da diplomacia norte-americana, Marco Rubio, e não pelo Presidente Donald Trump.
Após a reunião com Rubio na quarta-feira, Keller-Sutter falou apenas de "uma troca muito amigável e aberta sobre questões comuns", sem dar mais pormenores.
Tendo em conta as graves consequências para a economia suíça, foram feitos apelos à intervenção do presidente da FIFA, o suíço-italiano Gianni Infantino, que tem fama de ser próximo de Trump.
Infantino é "a pessoa na Suíça que tem o melhor acesso ao Presidente norte-americano", disse o deputado do Partido Popular Suíço (SVP) Roland Rino Buchel à televisão SRF.
Os direitos aduaneiros, que entraram em vigor hoje sobre produtos provenientes de vários países, estão a causar grande preocupação na Suíça.
No início de abril, Washington tinha fixado em 31% os direitos aduaneiros aplicados aos produtos suíços, mas aumentou-os para 39% na semana passada.
A medida surpreendeu autoridades suíças, que pensavam dispor de um acordo-quadro muito mais favorável, e os meios empresariais do país, preocupados com as exportações de relógios, máquinas industriais, queijo e chocolate.
Numa conferência de imprensa após a reunião do Governo, Keller-Sutter disse que representantes de ministérios suíços continuavam em Washington para discussões cruciais para setores inteiros da economia suíça.
O Governo não pode dizer quanto tempo a situação vai durar, explicou, reconhecendo que "a decisão final cabe ao Presidente norte-americano".
"Queremos uma relação regulada" com os Estados Unidos, "mas não a qualquer preço", insistiu.
Trump justificou o aumento dos direitos aduaneiros com o excedente comercial de várias dezenas de milhares de milhões de dólares da Suíça com os Estados Unidos.
De acordo com as alfândegas suíças, os Estados Unidos representaram 18,6% das exportações de bens do país alpino em 2024, que exporta principalmente medicamentos, atualmente isentos do acordo, mas também ameaçados por Trump.
A Suíça defendeu, até ao último momento, que a balança comercial de serviços era muito favorável nos Estados Unidos, o que reequilibra o comércio.
As empresas suíças estão também entre os maiores investidores nos Estados Unidos, nomeadamente em investigação e desenvolvimento.
Além disso, a maior parte dos produtos industriais norte-americanos não é tributada quando entra na Suíça.
Numa nota publicada na quarta-feira à noite, Adrian Prettejohn, economista da Capital Economics, disse que os direitos aduaneiros de 39% poderão reduzir o Produto Interno Bruto (PIB) da Suíça em 0,6% a médio prazo.
A redução poderá entre 1% e 2% em função do que acontecer com os produtos farmacêuticos, acrescentou, segundo a AFP.
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