Numa sessão pública no Jardim Arco do Cego, em Lisboa, de apresentação de candidatos autárquicos da CDU, Paulo Raimundo qualificou PSD, CDS, Chega, PS e IL como "o quinteto do retrocesso e da política em contramão daquilo que é necessário".
Numa alusão às reuniões que o Governo teve esta quarta e quinta-feira com Chega, PS e IL acerca das propostas de lei sobre imigração e nacionalidade, o secretário-geral do PCP disse que esse quinteto "vai-se reunindo e afinando uns com os outros".
"Vai aparentemente desafinando uns com os outros, mas quando chegar a 'hora H' será a música afinadinha, como vimos na moção de rejeição que o PCP apresentou na Assembleia da República", e que foi chumbada com os votos contra do PSD, CDS, Chega, PS, IL e JPP, disse.
O secretário-geral do PCP afirmou que, quando a maioria precisa de "aumento de salários e de aumento de direitos", o que este quinteto propõe é "mais precariedade, como se ela fosse pouca" e "mais tempo de trabalho".
"Esse quinteto apostado numa política que empurra milhares e milhares de pessoas para fora do país, em particular os mais jovens. Esse quinteto apostado, em grande medida, em querer transformar Portugal numa escola profissional que forma profissionais altamente qualificados (...) para, depois de estarem formados, exportá-los para fora", disse.
O secretário-geral do PCP salientou que o país está a ficar sem mão-de-obra, e esse problema só está a ser superado devido aos imigrantes que vêm para Portugal "à procura de uma vida melhor" e que, "sob a capa de uma chamada imigração controlada, são cada vez mais pressionados nas suas vidas".
Neste ponto, Paulo Raimundo aproveitou para deixar uma 'farpa' ao Chega, sem o mencionar explicitamente, por defender a chamada teoria da substituição.
"Esses da reação têm a mania de falar muito no perigo da substituição cultural. Ora, o que está a caminho, o que se quer impor no nosso país, não é a substituição cultural, é a substituição da mão-de-obra para uma mão-de-obra ainda mais explorada, para continuar a concentrar a riqueza na mão de uns poucos", sustentou.
Antes de Paulo Raimundo, discursou o candidato da CDU à Câmara Municipal de Lisboa, João Ferreira, que salientou que os candidatos da coligação integrada pelo PCP e Partido Ecologista "Os Verdes" (PEV) serão "representantes do povo de Lisboa e não serão notários de interesses de especuladores ou promotores imobiliários".
Afirmando que os candidatos da CDU irão procurar combater a "turistificação desregrada" e a poluição na cidade, e lutar por questões como a valorização do espaço público ou melhores transportes públicos, João Ferreira criticou o balanço dos executivos camarários dos últimos anos.
"Depois da gestão que tivemos nos últimos quatro anos PSD/CDS, depois dos catorze anos de gestão PS, seria trágico que os lisboetas fossem empurrados para uma escolha que se resumisse apenas e só a estas duas opções", defendeu.
Para João Ferreira, é devido a essas "falsas dicotomias" que se abre campo "aos que manipulam o justo descontentamento e frustração das populações", numa alusão ao Chega.
"Pois saibam que, por nós, não passarão", prometeu.
Nesta sessão pública, foi divulgado que o mandatário da candidatura da CDU à Câmara Municipal de Lisboa vai ser o ex-apresentador de televisão Francisco Lucas Mendes, que disse ser uma honra assumir esse papel, numa altura em que, considerou, Lisboa "precisa mais de ajuda do que nunca".
"Precisa de ajuda para voltar a ser uma cidade de quem nela vive e trabalha e não um produto de luxo ao serviço de interesses especulativos", considerou.
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