O secretário-geral do PS afirmou em declarações aos jornalistas, esta quinta-feira, em Setúbal, que “se a decisão for a de não recondução” do governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, "é uma decisão negativa que quebra um compromisso histórico de reconduzir o titular do cargo".
Momentos antes de ser conhecido o novo governador, José Luís Carneiro acrescentou ainda que a “quebra não corresponde ao reconhecimento do mérito” de Mário Centeno que, aliás, “foi feita pelo próprio primeiro-ministro”.
Ainda antes de se saber que Álvaro Santos Pereira ia suceder Centeno, José Luís Carneiro afirmou que a não recondução se trata de “uma decisão estritamente política”. E atira que se fosse uma questão de “mérito e prestígio de certeza que Centeno ficaria”, dado que é “dos mais competentes” entre os pares europeus.
"Do meu ponto de vista, foi uma decisão negativa não reconduzir o governador do Banco de Portugal, porque não se viu colocar em causa o seu mérito e a sua competência, o seu prestígio, o seu estatuto internacional", disse o líder socialista.
José Luís Carneiro acrescentou que a recondução do governador do Banco de Portugal ao longo dos anos tem garantido a "sua independência, a sua isenção, e evitando que o Governo tenha qualquer interferência naquilo que é uma autonomia administrativa financeira das mais importantes instituições nacionais".
O líder socialista nota ainda um padrão na ação do Governo de “pôr em causa o bom nome” das pessoas para não as reconduzir ou até mesmo demitir do cargo. No caso de Mário Centeno, o executivo de Montenegro pediu uma auditoria à Inspeção Geral das Finanças (IGF) nos últimos dias ao processo de construção do novo edifício do Banco de Portugal.
José Luís Carneiro diz que “não se compreende como se tomou esta decisão de pedir à IGF que conduza uma inspeção” e acrescentou que “espera que não se venha a desenvolver este padrão” de pôr em causa dirigentes.
E relembra ainda a substituição da ex-provedora da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Ana Jorge. "Assumir uma opção e depois procurar encontrar matérias para colocar em causa o bom nome das pessoas que serviram a instituição, não é adequado. É imoral", concluiu o líder socialista.
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