Na conferência após a reunião do Conselho de Ministros, Leitão Amaro foi questionado sobre a escolha para o banco central de um ex-ministro da Economia de um executivo PSD/CDS-PP entre 2011 e 2013, depois de ter afirmado que Santos Pereira não vinha de um governo.
"O professor Álvaro Santos Pereira não é governante há mais de uma década, não é membro de nenhum partido político, nunca foi candidato por um partido político, serviu Portugal", disse.
Já quanto a Mário Centeno, Leitão Amaro defendeu que a "boa preservação da independência" teria recomendado um "período mínimo de dois/três anos" entre o Governo e o Banco de Portugal.
"A experiência de cargos executivos pode ser uma mais-valia, desde que sejam garantidas as condições de independência, e não haja uma passagem quase como de mudar de barco sem molhar os pés", afirmou.
Centeno deixou de ser ministro das Finanças a 15 de junho de 2020, dias depois de ser anunciada a sua saída do Governo de António Costa (PS), e foi proposto novo governador pelo executivo a 25 de junho, tendo iniciado funções a 20 de julho.
Na conferência de hoje, Leitão Amaro justificou a mudança na liderança do banco central dizendo que Álvaro Santos Pereira é uma "melhor escolha" do que a recondução do ex-ministro das Finanças.
"Escolhemos alguém que entendemos que é melhor para o cargo, naturalmente. Entendemos que o professor Álvaro Santos Pereira serve melhor os objetivos que se pretendem para um banco central -- que é a autoridade de supervisão e tem responsabilidades de estudos, tem responsabilidades estatísticas, que é parte do Eurosistema, do Mecanismo Europeu de Supervisão -- e essas características que nos fizeram fazer essa escolha são as várias que eu referi. É melhor escolha e é a melhor escolha, por ser independente: não vem nem de dentro do banco, nem vem de um governo", defendeu o ministro.
Embora a indicação do nome de Santos Pereira ao Conselho de Ministros tenha partido formalmente do ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento não marcou presença na conferência de imprensa para confirmar a não recondução de Centeno e a escolha do sucessor.
Questionado sobre a ausência do ministro, Leitão Amaro não respondeu diretamente, justificando que nem sempre os governantes estão presentes para falar dos diplomas aprovados no Conselho de Ministros.
Em comunicado divulgado após a conferência, o gabinete do ministro das Finanças justifica a opção por Santos Pereira e a indigitação de Gabriel Bernardino para a presidência da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), também hoje anunciada, dizendo que ambos têm "independência, competência e experiência" para as funções, assim como "conhecimento técnico das áreas tuteladas".
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