Cabrita acusa Governo de "abandonar" prevenção a incêndios. "Incapaz"

O ex-ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, considerou "lamentável" que exista um retrocesso na prevenção dos incêndios. Falou também sobre as declarações recentes da atual ministra, frisando que mostram uma "total impreparação e inexperiência".

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Márcia Guímaro Rodrigues
30/07/2025 23:18 ‧ ontem por Márcia Guímaro Rodrigues

Política

Eduardo Cabrita

O antigo ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, acusou, esta quarta-feira, o Governo de ter "abandonado" a prevenção aos incêndios e considerou que as declarações da ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral, sobre o número de helicópteros mostram uma "total impreparação política e inexperiência".

 

"O que é lamentável é que estamos a retroceder bastantes anos na forma como abordamos estas questões. Voltámos a falar nestes temas só quando surgem", começou por referir Eduardo Cabrita, em entrevista à SIC Notícias, referindo-se aos incêndios florestais que assolam Portugal.

O ex-ministro do governo socialista de António Costa explicou que "o que mudou" desde os incêndios de 2017, nos quais morreram mais de 60 pessoas, foi a "prioridade dada à prevenção" e acusou o atual Governo de ter "abandonado esse esforço de prevenção".

Sublinhando que "há falta de comunicação" e "de coordenação política" no combate aos incêndios, Eduardo Cabrita lembrou que "este processo não é uma matéria exclusiva à Administração Interna".

O antigo ministro socialista considerou, ainda, que as declarações sobre a atual ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral, sobre a falta de meios aéreos de combate a incêndios "são a prova de uma total inexperiência nesta área".

"Eu respeito bastante as qualidades da doutora Maria Lúcia Amaral, mas, nesta matéria, é de uma total impreparação política e inexperiência na área da Proteção Civil", afirmou.

Em causa, sublinhe-se, está o facto de a ministra ter defendido, na terça-feira, que é irrelevante o número de meios aéreos de combate a incêndios, uma vez que o que está a causar "dificuldade aos operacionais" nos fogos em curso são as características do terreno.

Maria Lúcia Amaral frisou que, olhando aos incêndios que mais afligiam as autoridades, "a existência de 72 ou 76 ou 80 meios aéreos" seria irrelevante, "porque o que causa dificuldade aos operacionais é o caráter extremamente acidental da orografia, a dificuldade de acesso".

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Maria Lúcia Amaral, ministra da Administração Interna, afirmou que o número de meios aéreos é "irrelevante", uma vez que "o que causa dificuldade aos operacionais é a dificuldade de acesso" no terreno. Já o comandante nacional da Proteção Civil destacou que estes meios, "em complemento com os meios terrestres, são a chave para ter sucesso no combate aos incêndios".

Notícias ao Minuto com Lusa | 22:53 - 29/07/2025

Para Eduardo Cabrita, "vir dizer que meios aéreos são irrelevantes é algo que prova uma total dessintonia com aquilo que é a necessidade de intervenção em espaços deste tipo".

O ex-ministro lamentou que o atual Governo de Luís Montenegro trate a questão dos incêndios "como se fosse uma fatalidade recorrente que acontece em locais remotos algures todo o verão".

"E não é assim. É algo que precisa de coordenação política, precisa de intervenção de vários setores, precisa de uma atenção centrada na prevenção", atirou.

Eduardo Cabrita frisou que a questão da prevenção aos incêndios foi uma "prioridade política" após os incêndios de 2017, mas foi abandonada pelo Governo da AD. 

"Era uma questão que não aparecia só no verão. Era uma questão que, ao longo de todo o ano, era uma prioridade política permanentemente reiterada. Isso desapareceu com Luís Montenegro nestes últimos dois anos", defendeu.

O ex-ministro disse ainda que "temos um Governo que se mostrou incapaz" durante a gestão dos incêndios, mas destacou que existe uma estrutura da Proteção Civil que "merece a confiança dos portugueses".

Sublinhe-se que, de acordo com a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, até às 19h00 desta quarta-feira, estavam em curso 17 incêndios rurais considerados significativos.

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