"O acordo para o afastamento de Lai Chee-ying da associação com outras PIC [sigla em inglês para pessoas sob custódia] foi feito a seu próprio pedido", disseram as autoridades da região semiautónoma chinesa.
Num comunicado divulgado na segunda-feira à noite, o Governo de Hong Kong não revelou as razões apresentadas para sustentar o pedido da defesa de Jimmy Lai, que não foi autorizado a escolher os seus advogados de defesa.
Mas as autoridades recordaram que "o representante legal" do empresário "esclareceu ainda publicamente que ele está a receber o tratamento e cuidados adequados na prisão".
Uma advogada irlandesa que representa Jimmy Lai, Caoilfhionn Gallagher, disse, porém, ao jornal canadiano "The Globe and Mail" na segunda-feira estar muito preocupada com a saúde do empresário, de 77 anos, que sofre de diabetes.
O Governo de Hong Kong disse que o Departamento de Serviços Correcionais (CSD, na sigla em inglês) "está empenhado em garantir que o ambiente de custódia é seguro, protegido, humano, apropriado e saudável".
O departamento "implementou um mecanismo para salvaguardar os direitos das pessoas sob custódia, incluindo visitantes independentes regulares, ou seja, juízes de paz, que inspecionam as prisões", sublinharam as autoridades.
"O CSD trata consistentemente os assuntos relativos a Lai Chee-ying em estrita conformidade com estes mecanismos", garantiu o Governo do território.
O comunicado surgiu horas depois da organização de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional ter publicado um relatório em que rejeitou as acusações contra Jimmy Lai, considerando que se "relacionam com exercícios legítimos de liberdade de expressão sem incitamento à violência".
Lai está detido desde o final de 2020 sob a acusação de conluio, ao abrigo da lei de segurança nacional imposta pelo Governo Central chinês meses antes para reprimir uma vaga de manifestações antigovernamentais e pró-democracia.
A Amnistia Internacional concluiu que, dos 78 casos já concluídos ao abrigo da lei de segurança nacional, pelo menos 66 "envolveram apenas expressão legítima que não deveria ter sido criminalizada, sem provas de conduta violenta ou incitação".
Em resposta, o Governo de Hong Kong acusou "organizações anti-China" e meios de comunicação social" de fazerem "comentários irresponsáveis e absurdos, distorcendo a verdade sobre o caso de segurança nacional" envolvendo Jimmy Lai, "com a intenção de perverter o curso da justiça".
Na segunda-feira, a União Europeia denunciou uma "erosão contínua das liberdades civis" e "severas restrições" à oposição política e sociedade civil independente em Hong Kong, cinco anos após a imposição da lei de segurança nacional.
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