Zacarias da Costa falava, em Bissau, na abertura da 50.ª Reunião dos Pontos Focais de Cooperação da CPLP, que durante dois dias, domingo e hoje, inicia os preparativos para a Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da comunidade, marcada para sexta-feira.
A Guiné-Bissau recebe a cimeira e sucede a São Tomé e Príncipe na presidência da CPLP, nos próximos dois anos, enquanto o timorense Zacarias da Costa deverá dar lugar à angolana Fátima Jardim no secretariado executivo da comunidade.
De acordo com informação disponibilizada na página oficial da CPLP, ao concluir o mandato, o secretário executivo realçou o trabalho conjunto "por uma CPLP mais ativa, mais útil e mais próxima dos seus cidadãos".
Zacarias da Costa afirmou que a cooperação dentro da CPLP "é hoje mais robusta e mais reconhecida", mas alertou que, "sem o reforço do financiamento da cooperação", a CPLP não conseguirá "corresponder às expectativas que legitimamente se colocam a esta Comunidade".
"A previsibilidade e sustentabilidade dos nossos instrumentos, como o Fundo Especial, continuam a depender, em larga medida, da mobilização de contribuições por parte dos Estados-Membros, particularmente daqueles que ainda não fazem uso deste instrumento", cita a publicação.
Zacarias da Costa salientou que se têm "verificado, felizmente, sinais encorajadores", mas defendeu ser "preciso mais".
"É preciso que as decisões adotadas nas reuniões setoriais sejam acompanhadas dos meios para a sua concretização", frisou.
O secretário executivo da CPLP referiu ainda o "marco simbólico" que são as cinquenta reuniões de trabalho dos pontos focais, contando com a que está a decorrer em Bissau, e apontou "avanços concretos" que têm proporcionado "mais visibilidade e ação" à comunidade.
Zacarias da Costa, que esteve quatro anos (dois mandatos) no secretariado executivo, destacou "uma crescente apropriação dos projetos da CPLP por parte dos beneficiários e de uma rede de cooperação que se vem tornando mais estruturada, mais diversa e, sobretudo, mais útil".
Num trabalho alinhado com as decisões da Cimeira de Chefes de Estado e de Governo e articulado com a nova Visão Estratégica da CPLP, Zacarias da Costa considerou que a cooperação da comunidade "já não se limita à execução de projetos", tornando-se, "cada vez mais, um instrumento de afirmação política da CPLP e de valorização de parcerias externas".
"A título de exemplo, destaco a crescente articulação com agências das Nações Unidas, como a FAO [Organização para a Alimentação e Agricultura], o ACNUDH [Alto Comissariado para os Direitos Humanos] e a OIT [Organização Internacional do Trabalho], e com observadores consultivos e associados que procuram hoje, mais do que nunca, integrar agendas e colaborar em áreas estruturantes", enfatizou.
Leia Também: Moçambique acolhe assembleia parlamentar da CPLP e assume presidência