"Trata-se de uma eleição importante. Para nós, a questão da reunificação da ilha, para uma eleição presidencial, tem de estar no centro do debate", afirmou hoje, numa conferência de imprensa em Londres organizada pela Associação da Imprensa Estrangeira.
McDonald disse entender que as eleições presidenciais são "um momento" para esse debate com toda a população: "onde estamos, para onde queremos ir, que tipo de liderança queremos para os próximos anos".
A República da Irlanda deve realizar eleições presidenciais antes de 11 de novembro para substituir Michael D. Higgins, que não pode recandidatar-se pois já cumpriu dois mandatos de sete anos.
O partido ainda não decidiu se vai apoiar um candidato independente ou apresentar um candidato interno.
Mary Lou McDonald disse que a decisão será tomada após uma consulta dos militantes durante o verão, não excluindo a hipótese de avançar.
"Não devemos fazer o anúncio antes do final de agosto. Pensamos que as eleições [presidenciais] terão lugar no fim de outubro", adiantou.
A líder do Sinn Féin mantém a pretensão de ver realizado um referendo sobre a reunificação até 2030, e argumentou que os Governos britânico e irlandês devem começar a fazer preparativos.
"Uma liderança política responsável estaria a fazer os preparativos, a ter a conversa. Não queremos um cenário como aquele a que assistimos no 'Brexit'", avisou, a propósito do longo e difícil processo de saída do Reino Unido da União Europeia.
Nas últimas eleições regionais na Irlanda do Norte, em 2022, o Sinn Féin elegeu, pela primeira vez, mais deputados para a assembleia regional do que o rival Partido Democrata Unionista (DUP), o que McDonald considerou ser uma evidência da transformação social e política.
A Irlanda do Norte, antes designada por Ulster, passou a fazer parte do Reino Unido em 1921, no âmbito do processo de independência da Irlanda, mas o Sinn Féin nunca reconheceu esta divisão e continuou a defender uma "Irlanda unida", tornando-se mais tarde no braço político do IRA (Exército Republicano Irlandês).
Nos termos do acordo de paz de 1998, conhecido por Acordo de Belfast ou de Sexta-feira Santa, cabe ao Governo britânico decidir se existem condições para a realização de um referendo sobre a saída da província do Reino Unido e a reunificação com a Irlanda, o que só deverá acontecer quando existirem mais indícios de uma maioria pró-republicana.
Outro tema que o Sinn Féin quer ver discutido durante a campanha para as presidenciais é o do estatuto de neutralidade militar da Irlanda.
O governo de coligação Fianna Fáil-Fine Gael apresentou em março uma proposta para que deixe de ser necessária a aprovação da ONU para a mobilização de tropas irlandesas fora do país.
Atualmente, o envio de um regimento superior a 12 soldados implica a aprovação do governo, do parlamento e da ONU.
"Para quê a ideia de nos juntarmos a uma aliança militar maior e mais poderosa? O que é que trazemos de construtivo ao mundo se for esse o caso? É muito melhor que as nossas tropas possam ir a qualquer lado e, com a bandeira irlandesa ao ombro, a população local saiba que se tratam de pessoas que vêm sem qualquer outro objetivo, sem história, sem bagagem, a não ser o objetivo de defender a Carta das Nações Unidas e o direito internacional. É aí que temos de ficar", afirmou.
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