Negociações para tratado sobre plásticos bloqueadas: "Diálogo de surdos"

As negociações em Genebra para estabelecer o primeiro tratado mundial de combate à poluição plástica estão bloqueadas por países petrolíferos, que se recusam a aceitar qualquer restrição à produção de plástico virgem, segundo fontes ouvidas pela AFP.

Greenpeace activists protest at UN Plastics Treaty talks in Geneva

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Lusa
07/08/2025 15:47 ‧ há 2 horas por Lusa

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Genebra

"Estamos num diálogo de surdos, com muito poucas pistas para chegar a um acordo" ou fazer progressos nas negociações, disse uma fonte diplomática de um país da chamada "coligação ambiciosa", que deseja impor no texto objetivos de redução da produção.

 

Do outro lado, um grupo de países essencialmente petrolíferos opõe-se firmemente a tal.

Este projeto de tratado "juridicamente vinculativo" destina-se a permitir a regulação a nível mundial da produção, do consumo e do fim de vida do plástico, numa altura em que, todos os anos, 22 milhões de toneladas de resíduos plásticos são lançados no ambiente, envenenando os solos, os oceanos e a biodiversidade, e penetrando até nos tecidos humanos.

Cerca de 184 dos 193 países da ONU participam nesta nova ronda de negociações, decidida após o fracasso da última sessão no final de 2024 em Busan, na Coreia do Sul.

"As posições estão a cristalizar-se", confirmou à AFP outra fonte, observador da sociedade civil que assistiu a várias sessões de negociação à porta fechada.

Os documentos apresentados pelas delegações mostram que a Arábia Saudita, os países árabes, a Rússia e o Irão, que dizem "partilhar as mesmas ideias" num grupo denominado "like minded", recusam qualquer medida vinculativa sobre a produção.

Uma posição que é defendida com veemência desde Busan. Estes países desejam que o tratado não abranja a origem petrolífera do plástico, para se concentrar apenas na fase a jusante, quando se torna resíduo (financiamento da recolha, triagem e reciclagem, nomeadamente, nos países em desenvolvimento), enquanto a resolução inicial para começar as negociações incide sobre "todo o ciclo de vida" do plástico.

Se o texto deve refletir apenas uma ajuda aos países em desenvolvimento para que eles gerenciem melhor seus resíduos, "não precisamos de um tratado internacional para fazer isso", avaliou uma fonte diplomática, acrescentando: "estamos num impasse com países dispostos a não ter nenhum tratado".

Também não há consenso sobre outro ponto delicado, o artigo 3.º do futuro tratado: o estabelecimento de uma lista de substâncias químicas consideradas potencialmente perigosas para o ambiente ou a saúde humana: aditivos, corantes, poluentes ditos "eternos" (PFAS), ou ftalatos, à qual os industriais da química também declararam a sua oposição.

"Alguns não querem nenhuma lista, ou então que cada país possa fazer a sua própria lista de produtos perigosos, o que já pode ser feito sem necessidade de um tratado internacional", observou a mesma fonte, que se disse surpreendida "com a falta de abertura da China".

A China é o maior produtor mundial de plástico, fabricando sozinha 34% dos quatro polímeros mais comuns. Sete países, liderados pela China, Estados Unidos e Arábia Saudita, produziram dois terços (66%) dos quatro tipos de plásticos mais comuns no mundo: polietileno (PE), polipropileno (PP), tereftalato de polietileno (PET), das garrafas de água, e poliestireno (PS).

Depois dos 34% da produção da China seguem-se os 13% dos Estados Unidos e Arábia Saudita. O único país europeu no ranking dos dez principais produtores, a Alemanha, produz 2% desses quatro plásticos.

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