"Não prevemos qualquer possibilidade de mobilizar mais recursos internos diante dos inúmeros desafios que enfrentamos", disse o chefe do Governo interino, Muhammad Yunus, citado pela agência de notícias EFE.
Yunus, prémio Nobel da Paz em 2006, discursava durante um encontro sobre a situação dos rohingya realizado em Cox's Bazar (sudeste), onde se situa o maior campo de refugiados do grupo no Bangladesh.
O exército de Myanmar, vizinho do Bangladesh, lançou uma campanha de perseguição dos rohingya em 25 de agosto de 2017.
As autoridades da antiga Birmânia, país de maioria budista do Sudeste Asiático, não reconhecem os rohingya como cidadãos por os considerarem imigrantes ilegais bengalis.
Mais de 700.000 rohingya fugiram para Cox's Bazar na sequência da campanha do exército birmanês, que a ONU descreveu como uma "limpeza étnica à letra".
"Nos últimos oito anos, o povo do Bangladesh, e em particular a comunidade anfitriã em Cox's Bazar, fez enormes sacrifícios. O impacto na nossa economia, recursos, ambiente, ecossistema, sociedade e governação tem sido imenso", disse Yunus.
O chefe do Governo provisório agradeceu à "comunidade anfitriã e ao povo do Bangladesh o apoio incondicional e sacrifícios em prol do povo rohingya".
Segundo as autoridades do Bangladesh, o país acolhe 1,3 milhões de rohingya deslocados à força de Myanmar, pois os 700.000 juntaram-se a outras centenas de milhares que já tinham fugido em ocasiões anteriores.
"Todos os anos, nascem aproximadamente 32 mil bebés nos campos rohingya. Em contrapartida, em Myanmar vivem atualmente menos de 500 mil rohingya", disse Yunus.
O chefe do Governo interino salientou que a solução para a crise birmanesa se encontra em Myanmar e pediu a todas as partes envolvidas que "ajam com maior determinação" para pôr fim à crise dos refugiados.
Para isso, solicitou a criação de uma plataforma de diálogo urgente para iniciar a comunicação com os próprios rohingya.
A Organização Internacional para as Migrações (OIM) eleva o número de rohingya em Bangladesh para mais de 1,4 milhões, principalmente em Cox's Bazar, incluindo novas chegadas registadas em 2025.
O exército birmanês está a ser investigado nos tribunais internacionais por supostos crimes contra a humanidade e genocídio pelas operações em 2016 e 2017 contra os rohingya.
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