O último balanço dava conta de 64 mortos, incluindo 50 drusos, 18 beduínos, 14 membros das forças de segurança e sete pessoas ainda por identificar, referiu a organização não-governamental (ONG) OSDH.
O porta-voz do ministro do Interior libanês Nureddine al-Baba disse à televisão estatal Al-Ikhbariya terem sido registados "confrontos com grupos armados ilegais", mas as forças libanesas "estão a fazer o possível para evitar vítimas civis".
Entretanto, o exército de Israel indicou que atacou tanques militares no sul da Síria, enquanto as forças governamentais sírias e tribos beduínas enfrentam milícias drusas na região, sem avançar pormenores.
Israel já interveio anteriormente na Síria em defesa da minoria religiosa drusa. Em maio, as forças israelitas atacaram um local próximo do palácio presidencial em Damasco, no que foi visto como um aviso ao Presidente interino sírio, Ahmad al-Sharaa.
O ataque ocorreu depois de dezenas de pessoas terem sido mortas em combates entre homens armados pró-governo e combatentes drusos no início deste ano na cidade de Sahnaya e no subúrbio de Jaramana, em Damasco, onde a maioria da população é drusa.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e o ministro da Defesa, Israel Katz, afirmaram numa declaração, na altura, que Israel não permitirá a mobilização de forças do Governo sírio a sul de Damasco nem qualquer ameaça à comunidade drusa.
Mais de metade do milhão de drusos em todo o mundo vive na Síria. A maioria dos outros drusos vive no Líbano e em Israel, incluindo nos montes Golã, que Telavive conquistou da Síria na Guerra do Médio Oriente de 1967 e anexou em 1981.
Em Israel, os drusos são vistos como uma minoria leal e muitas vezes servem nas forças armadas.
Hoje, as autoridades sírias enviaram forças de segurança para a província de Sweida, no sul do país, após os confrontos entre tribos beduínas sunitas e combatentes drusos que provocaram dezenas de mortos, tendo já entrado na área em disputa ao início da manhã, com a intenção de restaurar a ordem.
O Ministério da Defesa sírio anunciou, em coordenação com o Ministério do Interior, o envio de "unidades militares para as zonas afetadas", "a abertura de passagens seguras para civis" e o compromisso de "colocar um fim aos confrontos de forma rápida e decisiva", de acordo com um comunicado.
Os confrontos continuavam hoje, de forma esporádica, em algumas aldeias da província de Sweida, referiram o OSDH e o portal de notícias local Suwayda 24.
No domingo, o ministro do Interior, Anas Khattab, declarou na rede social X que "a ausência de instituições estatais, militares e de segurança é uma das principais causas das tensões persistentes em Sweida".
"A única solução é reativar [o papel das] instituições para garantir a paz civil", garantiu Khattab.
Os confrontos iniciaram-se no domingo, um dia depois de "o rapto de um vendedor de legumes druso por beduínos armados que montaram bloqueios na estrada entre Sweida e Damasco", indicou o OSDH.
No mesmo dia, o governador de Sweida, Mustafa al-Bakur, pediu moderação aos residentes, enquanto os líderes drusos pediram a intervenção das autoridades.
O OSDH afirmou que a tensão aumentou desde os confrontos inter-religiosos em abril entre combatentes drusos e forças de segurança nas zonas drusas perto de Damasco e em Sweida, que fizeram mais de 100 mortos. Membros de tribos beduínas sunitas de Sweida participaram nos confrontos juntamente com as forças de segurança.
Com cerca de 700.000 habitantes, a província de Sweida alberga a maior comunidade drusa do país, uma minoria esotérica do Islão xiita. As tensões entre drusos e beduínos são antigas e a violência irrompe esporadicamente entre os dois lados.
Esta nova violência intercomunitária é um dos desafios de segurança do Governo interino de Al-Charaa, que derrubou o presidente Bashar al-Assad em dezembro, num país devastado por quase 14 anos de guerra civil.
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