O presidente do Governo regional, Gama Cedain, afirmou esta semana que a reforma "não elimina a língua tibetana do currículo escolar" e garantiu que vai continuar a ser uma disciplina principal no ensino básico e secundário no Tibete e noutras zonas com população tibetana.
Cedain explicou que a modificação faz parte de uma reforma nacional do exame de admissão à universidade - conhecido no país asiático como "gaokao" - lançada no Tibete em 2024, que visa "corrigir a orientação excessiva para as notas" e promover "o desenvolvimento integral dos alunos", de acordo com as mudanças adotadas em outras 29 regiões do país.
Sob o novo esquema, os alunos vão fazer exames em disciplinas unificadas como chinês, matemática e uma língua estrangeira (incluindo inglês, russo, japonês, francês, alemão ou espanhol), enquanto o tibetano vai deixar de ser obrigatório e estará disponível apenas para quem optar por programas universitários específicos ligados à língua, como literatura tibetana.
O responsável sublinhou que o tibetano "continua a ser uma disciplina fundamental" no ensino básico e secundário no Tibete e noutras zonas com presença significativa desta etnia.
O ensino da língua "não mudou" e mantém-se com os mesmos padrões de planeamento curricular e avaliação que outras disciplinas, afirmou.
Vários órgãos de comunicação tibetanos no exílio, ligados à causa da preservação cultural do Tibete e sediados na cidade indiana de Dharamsala - onde também se encontra o governo tibetano no exílio --, criticaram duramente a reforma, considerando que enfraquece o uso do tibetano no ensino e diminui o valor desta aprendizagem como ferramenta de desenvolvimento profissional.
De acordo com publicações recentes, excluir a língua do exame universitário é "um golpe direto" à utilidade social e vai acelerar o desaparecimento entre as novas gerações.
A estas críticas juntou-se o Departamento de Informação e Relações Internacionais do Governo tibetano no exílio (DIIR), que num relatório publicado em dezembro denunciou um "desmantelamento sistemático" da educação em tibetano e associou-o a uma política mais ampla de assimilação cultural por parte das autoridades chinesas.
Mudanças semelhantes nas políticas linguísticas já geraram polémica em outras regiões do país habitadas por minorias étnicas, como a Mongólia Interior, onde em 2020 o ensino em mongol foi reduzido em favor do mandarim, ou em Xinjiang, com organismos internacionais denunciaram restrições ao uso da língua uigur na educação e nos órgãos de comunicação.
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