"Após a declaração do cessar-fogo, foram relatados distúrbios na área de Phu Makua, causados pelo lado cambojano, levando a uma troca de tiros entre os dois lados, que continuou até esta manhã", escreveu num comunicado o porta-voz adjunto do exército tailandês, Ritcha Suksuwanon.
Além disso, "ocorreram também confrontos na área de Sam Taet e continuaram até as 05h30 (23h30 de segunda-feira, em Lisboa)".
A Tailândia e o Camboja acordaram na segunda-feira um "cessar-fogo imediato e incondicional", anunciou o primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, que recebeu e mediou as negociações entre as delegações dos dois países vizinhos, chefiadas pelos respetivos chefes de governo.
O cessar-fogo põe fim a cinco dias de confrontos na fronteira, que provocaram pelo menos 35 mortos e vários milhares de deslocados.
Phnom Penh e Banguecoque estavam em conflito aberto desde quinta-feira, na sequência de confrontos na linha de fronteira entre os respetivos exércitos, que trocam acusações sobre o início da violência.
Os confrontos, que começaram depois de semanas de tensão entre os dois países, provocaram a deslocação de cerca de 218 mil pessoas na Tailândia, enquanto o Camboja informou que o número de famílias deslocadas ascendeu a 40 mil.
O Camboja e a Tailândia estão em conflito há muito tempo sobre o traçado da fronteira de mais de 800 quilómetros, definida em grande parte por acordos celebrados durante a ocupação francesa da chamada Indochina, entre final do século XIX e meados do século XX.
Em 2011, confrontos em torno do templo Preah Vihear, classificado como património mundial pela Organização da ONU para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e reivindicado por ambos os países, causaram, pelo menos, 28 mortos e dezenas de milhares de deslocados.
Embora em 2013, o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), principal órgão jurisdicional da ONU, tenha atribuído ao Camboja a zona contestada abaixo do templo, o traçado de outras zonas continua a opor Banguecoque e Phnom Penh.
Leia Também: Guterres saúda cessar-fogo entre Camboja e Tailândia: "Passo positivo"