Na rede social X, a embaixada chinesa escreveu, na segunda-feira, que "ambas as partes trocaram pontos de vista sobre o intercâmbio e a cooperação em áreas como assuntos marítimos e transporte naval entre [China e Panamá], coincidindo na importância crucial de manter a neutralidade permanente do Canal".
A reunião, realizada na sexta-feira, no edifício da Administração do canal, foi liderada pela embaixadora chinesa no Panamá, Xu Xueyuan, e pelo administrador da via, Ricaurte Vásquez, no âmbito de uma visita de "cortesia" da diplomata, informou a Autoridade do Canal do Panamá (ACP) em comunicado.
Segundo a ACP, Vásquez e a subadministradora, Ilya Espino de Marotta, mantiveram com a delegação chinesa um "diálogo cordial sobre temas de interesse comum, incluindo cooperação em comércio marítimo, inovação tecnológica e sustentabilidade".
O encontro ocorre numa altura de reiteradas acusações dos Estados Unidos sobre a alegada "influência maligna" da China no canal, rejeitadas tanto pelo Governo chinês como pelo panamiano.
Este mês, o porta-voz da embaixada chinesa no Panamá criticou as "mentiras" que o embaixador norte-americano no país "repete até à exaustão sobre a China e as relações sino-panamianas".
Com base na alegada ingerência chinesa no Canal do Panamá, o Presidente norte-americano, Donald Trump, ameaçou "recuperar" a via, construída e operada pelos EUA no século passado até à sua transferência para o Estado panamiano, há 25 anos.
As referências a um suposto "controlo chinês" e riscos para a segurança dos EUA decorrem do facto de a Panama Ports Company (PPC), subsidiária desde 2015 da multinacional CK Hutchison Holdings, com sede em Hong Kong, operar dois portos à entrada do canal, um no Atlântico e outro no Pacífico.
O Panamá tem reiterado que nem a China nem qualquer outro país interfere na administração do canal, cujo principal utilizador são os Estados Unidos, e sublinhado que não está em causa a soberania sobre a via, que "é e continuará a ser panamiana", segundo palavras do Presidente, José Raúl Mulino.
Nesse contexto, os Governos de Mulino e Trump assinaram acordos na área da segurança que desencadearam fortes críticas no Panamá, onde a oposição e analistas acusam uma violação do Tratado de Neutralidade do Canal e uma alegada postura de submissão do Executivo panamiano, que nega tais acusações.
O Tratado relativo à Neutralidade Permanente do Canal e ao Funcionamento do Canal do Panamá integra os Tratados Torrijos-Carter de 1977 e define princípios como a imparcialidade e abertura da via de 82 quilómetros a todas as nações.
O texto é acompanhado por um protocolo que permite a adesão de qualquer país ao regime de neutralidade, comprometendo-se a respeitar as disposições do tratado. Mais de 40 Estados aderiram ao Protocolo, entre os quais Taiwan, mas não a China.
Leia Também: Presidente de Taiwan impedido de fazer escala nos EUA após objeção da China