O secretário-geral do Partido Socialista (PS), José Luís Carneiro, comentou, esta quinta-feira, a saída de Mário Centeno do cargo de governador do Banco de Portugal, anunciada hoje, e eventuais consequências que isso possa trazer, nomeadamente, ao PS.
"Mário Centeno é independente, mas se ele estiver disponível para dar o seu contributo ao país, e também ao PS, poderá ser uma boa notícia", afirmou, em entrevista à SIC Notícias, quando questionado se não tem receio que Centeno tenha 'na mira' o lugar que Carneiro agora ocupa "para salvar o PS."
Pressionado sobre se este lugar não poderá mesmo ser a próxima ambição de Centeno, José Luís Carneiro foi assertivo: "De forma alguma."
Com eventuais ambições dentro do PS 'ultrapassadas', resta Belém. Confrontado se o PS vai então tentar "convencer" Centeno a avançar com uma candidatura a Belém, o líder socialista disse Centeno era alguém que "tinha percurso não só no país, como na Europa", e que por isso estava "convicto de que ele tinha condições para desempenhar muitas funções, entre as quais, as de natureza internacional."
Quanto a Belém, Carneiro sublinha que esta é "uma decisão de natureza pessoal" e não partidária, não sendo convence-lo, "a função de um líder de partido político."
E as outras candidaturas à presidência?
Face às candidaturas de centro-esquerda, até agora de António José Seguro (PS) e António Filipe (PCP), o socialista disse: "Teremos o momento oportuno para decidir sobre as candidaturas presidenciais. Neste momento, a nossa prioridade são as autárquicas."
"Tendo em conta a decisão que a Comissão Nacional tomou em devido tempo, em fevereiro, temos de respeitar a decisão do órgão mais importante entre congressos. Tomaremos uma decisão depois das eleições autárquicas", afirmou.
Reforçando que a decisão sobre o apoio que o PS ia dar nas presidenciais, José Luís Carneiro garantiu que não, a decisão ainda não estava tomada. "Tomaremos uma decisão em sede democraticamente em sede nacional do PS."
Confrontado sobre se um dia se se candidatasse não gostaria de ter o apoio imediato - dado que Seguro já ocupou o cargo que Carneiro ocupa agora -, disse: "Temos que ter cada coisa no seu tempo. Não compreendo se quererem queimar etapas. temos etapas no processo político e vamos respeitar decisões dos órgãos do PS."
Afastar Centeno é decisão "política" e "negativa"
Já esta quinta-feira, Carneiro considerou que a decisão de afastar Centeno da governação do Banco de Portugal era uma "decisão política" que, para além de "negativa", quebrava também um "compromisso histórico de reconduzir o titular do cargo."
"Do meu ponto de vista, foi uma decisão negativa não reconduzir o governador do Banco de Portugal, porque não se viu colocar em causa o seu mérito e a sua competência, o seu prestígio, o seu estatuto internacional", disse o líder socialista.
Questionado sobre a razão de não ter reconduzido Mário Centeno, o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, afirmou que o Governo entendeu escolher alguém que considera ser melhor do que Centeno para exercer a função de governador.
"Escolhemos alguém que entendemos que é melhor para o cargo, naturalmente. Entendemos que o professor Álvaro Santos Pereira serve melhor os objetivos que se pretendem para um banco central - que é a autoridade de supervisão e tem responsabilidades de estudos, tem responsabilidades estatísticas, que é parte do Eurosistema, do Mecanismo Europeu de Supervisão - e essas características que nos fizeram fazer essa escolha são as várias que eu referi. É melhor escolha e é a melhor escolha, por ser independente: não vem nem de dentro do banco, nem vem de um governo", justificou-se.
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