Ventura: "Atraso na lei de estrangeiros pode significar caos ainda maior"

O presidente do Chega criticou hoje a decisão do Presidente da República de pedir ao Tribunal Constitucional (TC) a fiscalização preventiva da proposta de revisão da lei de estrangeiros e alertou para "um caos" na imigração.

andré ventura, chega

© Getty Images

Lusa
24/07/2025 19:06 ‧ ontem por Lusa

Política

CHEGA

Esta posição foi transmitida por André Ventura em reação à decisão do Presidente da República de submeter ao TC o decreto do parlamento que altera o regime jurídico de entrada, permanência, saída e afastamento de estrangeiros do território nacional, aprovado por PSD, Chega e CDS-PP.

 

Marcelo Rebelo de Sousa pediu a fiscalização preventiva da constitucionalidade das normas sobre direito ao reagrupamento familiar e condições para o seu exercício, sobre o prazo para apreciação de pedidos pela Agência para a Integração Migrações e Asilo (AIMA) e o direito de recurso.

André Ventura referiu que só na sexta-feira se pronunciará de forma mais detalhada sobre a decisão do chefe de Estado de recorrer ao TC, mas criticou as consequências desta opção, considerando que vai parar e atrasar uma revisão da lei de estrangeiros que considera urgente.

"Corremos o risco de isto se tornar semelhante a outros processos legislativos que nunca entraram em vigor ou que ficaram pelo meio. Se o Presidente da República tem dúvidas de natureza constitucional, têm de ser clarificadas. Mas espero que isto não seja um motivo para que o controlo de fronteiras continue sem existir", declarou.

Para o presidente do Chega, "o sistema político tem de ter noção de que o atraso na lei de estrangeiros pode significar um caos ainda maior no descontrolo da imigração".

Perante os jornalistas, André Ventura disse também acreditar que o Presidente da República também poderá em breve submeter ao TC a revisão da lei da nacionalidade, outro diploma onde também há dúvidas de constitucionalidade, mas que só terá votação final global no parlamento em setembro.

"Se não fosse líder do Chega e estivesse a analisar esta situação, diria que se esta lei [de estrangeiros] foi para o TC, então, com 99,9% de certeza, a proposta de lei da nacionalidade também irá", comentou.

O presidente do Chega deixou igualmente advertências políticas sobre a eventual necessidade de uma revisão da Lei Fundamental no parlamento, ainda nesta legislatura, caso estes dois diplomas não passem no TC. E defendeu também mudanças ao nível do próprio Tribunal Constitucional.

André Ventura preveniu que iria "dizer uma coisa que talvez não seja bem compreendida, mas que é importante meditar sobre ela".

"O TC é um tribunal com características específicas no país e temos de garantir que aplica e interpreta a Constituição sem pender para a esquerda ou para a direita", referiu.

Depois, neste contexto, fez uma alusão indireta ao próximo processo no parlamento para a substituição de vários juízes do TC, o que exige uma maioria de dois terços dos deputados.

"Vamos ter uma redefinição do TC e é importante que nessa redefinição os valores da maioria representativa também estejam presentes para que o país tenha uma justa representação nos valores de defesa da vida, de luta contra a corrupção e de luta contra a imigração - e não apenas o enviesamento da presença de esquerda nestas instituições, algo que sempre tivemos", acrescentou.

O novo regime, que limita os vistos para procura de trabalho ao "trabalho qualificado", restringe o reagrupamento familiar de imigrantes e altera as condições para concessão de autorização de residência a cidadãos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

PS, Livre, PCP, BE, PAN e JPP votaram contra, enquanto a IL se absteve na votação final global do texto de substituição, elaborado a partir de uma proposta do Governo PSD/CDS-PP e de um projeto de lei do Chega.

As alterações incluem a limitação dos vistos para procura de trabalho ao "trabalho qualificado" -- para pessoas com "competências técnicas especializadas", e a restrição do reagrupamento familiar de imigrantes, com mais direitos nesta matéria para quem tenha certos tipos de autorização de residência, como os chamados "vistos gold".

Quanto à concessão de autorizações de residência a cidadãos provenientes da CPLP, e abrangidos pelo respetivo acordo de mobilidade, o novo regime impõe como condição a posse prévia de um visto de residência -- quando atualmente basta um visto de curta duração ou uma entrada legal em território nacional.

Leia Também: BE tinha esperança de envio de lei de estrangeiros para TC (e aconteceu)

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas